Apesar de ser curável há mais de meio século, a tuberculose (TB) continua sendo um dos mais sérios problemas de saúde pública no Brasil. No Ceará, entre janeiro e setembro, já são 2.292 casos confirmados da doença ou 254 ocorrências positivas por mês no Estado, com 45 óbitos. Os dados já foram maiores. No ano passado, foram 284 confirmações mensais, com 209 mortes. No entanto, os índices de cura, atualmente de 62%, bem abaixo dos 85% preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), além da alta taxa de abandono, 8,7% - quando a OMS aponta 5% como aceitável - são dois fatores que mais têm chamado a atenção de profissionais da saúde.

E não é para menos. Há dez anos, em 2006, o Estado conseguiu 79,9% de cura e 7,7% dos pacientes deixaram o tratamento, segundo dados do boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa).

"Se temos um índice de cura baixo e muito abandono, o resultado não poderia ser outro, senão um cenário complicado", aponta a coordenadora do Programa Estadual de Combate à Tuberculose, Sheila Santiago. Para ela, é fundamental o apoio das gestões municipais, com acompanhamento das doses dos medicamentos para que o paciente não deixe o tratamento de lado. "Entendemos que seis meses é muito tempo, mas sem completá-lo, a pessoa não estará 100% curada", destaca.

Cidades

Oito municípios concentram os maiores índices: Fortaleza (com 1.1 mil casos e 21 mortes); Sobral (com 107); Caucaia (94); Maracanaú (85); Juazeiro do Norte (54); Eusébio (24); Itaitinga (23), e Horizonte (22).

A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível que afeta prioritariamente os pulmões. A doença é curável desde 1944, quando foi inventado o primeiro antibiótico para o tratamento. Hoje, um coquetel com três ou quatro medicamentos dessa classe são usados para debelar o bacilo. Anualmente, são notificados cerca de seis milhões de novos casos em todo o mundo, levando mais de um milhão de pessoas a óbito.

O surgimento da Aids e o aparecimento de focos de tuberculose resistente aos medicamentos agravam ainda mais esse cenário. Não é sem motivo que a Sesa divulgou Nota Técnica alertando para a necessidade da realização de exames para o diagnóstico precoce, principalmente, naqueles que convivem com HIV. "Isso é essencial para impedir o aumento da incidência de ambas às infecções e levar, consequentemente, à morte", diz.

Gravidade

O diagnóstico tardio da tuberculose impacta diretamente na mortalidade, aponta a médica Sheila Santiago. A detecção de casos nas formas clínicas graves e de forma tardia eleva também a taxa de letalidade. "Importante ressaltar que a TB é uma doença que tem tratamento eficaz, com evolução para a cura se conduzido de forma adequada, com os seis meses de medicação sem interrupção", orienta a coordenadora do Programa Estadual de Combate à Tuberculose.

O Brasil integra o bloco dos 22 países do mundo em desenvolvimento que abrigam 80% dos portadores da doença. Ao contrário das nações desenvolvidas, indica, onde o mal é mais frequente em pessoas idosas, por aqui a tuberculose acomete todos os grupos etários.

Os homens adoecem duas vezes mais que as mulheres, a maior parte em idade produtiva. Além disso, a prevalência é maior em áreas de alta concentração populacional, com precárias condições socioeconômica e sanitária.        (Diárioo do Nordeste)

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