Tanto na Flona do Araripe quanto
na Zona urbana, os ipês enfeitam
o Cariri. FOTO: Elizangela Santos
Crato. Os ipês que dão uma cor especial à Chapada do Araripe são árvores nativas, algumas delas centenárias, que podem ser vistas também em áreas dos centros urbanos das cidades da região. Estudiosos realizam levantamento para localizar matrizes da planta, também conhecidas como pau d'arco. Das 63 espécies existentes, no Cariri podem ser identificadas quatro, com floração que de julho a outubro.
Protestos
A preservação da espécie passou a ser motivo de protesto para que não sejam retiradas da área onde está sendo construída a Ciclovia do Cariri. Internautas realizaram uma campanha para a não derrubada de cinco ipês amarelos, que estão no canteiro central da Avenida Leão Sampaio. A repercussão levou a Autarquia de Meio Ambiente da cidade a solicitar a não retirada dos ipês. A advogada Íria bandeira fez um apelo ao questionar se os construtores vão ter coragem de sacrificar as árvores para dar espaço à ciclovia. "Nesse local estão os ipês mais bonitos das vias públicas de Juazeiro do Norte", argumentou.
Conservação
A conservação das árvores tem sido uma das preocupações de pesquisadores da Universidade Regional do Cariri (Urca), que estão fazendo levantamentos das matrizes e fortalecendo um banco de sementes no Herbário Caririense Dárdano de Andrade Lima. No aniversário do laboratório onde estão centralizados os estudos, no início de setembro, foram distribuídas sementes de ipês amarelos e rosas, para estimular o plantio, com orientações para o cultivo de mudas. Alguns também estão sendo cultivados na Rua Miguel Lima Verde, Centro do Crato.
Observa-se um carinho especial do caririense com os ipês, principalmente pela beleza que a espécie expõe num período do ano de aridez, ou em meio ao verde da Floresta Nacional (Flona) do Araripe. A bióloga Ana Cleide de Morais Mendonça, mestre em Bioprospecção Molecular da Urca e pesquisadora na área de Botânica, afirma que, desde 2010, vem observando as floradas. Ela destaca a presença de quatro espécies na região, que inclui o amarelo, com maior predominância; o roxo; o rosa; e o mais raro, que é o branco. A pesquisadora destaca que, tanto o amarelo quanto o roxo, estão presentes em grande quantidade na região, mas há características diferenciadas para as espécies, também no contexto regional. Conforme Ana Cleide, no caso principalmente do ipê-roxo, há o uso medicinal, da raspa do tronco, principalmente como anti-inflamatório.
Paisagem
A mudança da paisagem urbana com a florada dois ipês chama atenção no Cariri. Setembro entra mais florido, mesmo com o calor sufocante. As flores das árvores do pau d'arco resistem e enfeitam as ruas e as áreas de encosta da Chapada do Araripe.
As árvores são nativas da Mata Atlântica, da qual o Cariri detém uma pequena fatia. Na Avenida Padre Cícero, Entre as cidades de Crato e Juazeiro do Norte, uma das mais movimentadas da região, é fácil identificá-las. Em alguns pontos, há uma forte tonalidade amarelada, seguidamente, chamando a atenção de quem passa pelo local.
Na área da encosta da Chapada do Araripe, os ipês começam a florar na abertura da primavera. O ipê-amarelo é uma árvore genuinamente brasileira. O poeta popular Patativa do Assaré, a destacou como "rainha do sertão". Para a artista plástica do Crato Márcia Leal é o Brasil que se apresenta com sua magnitude de cores. Ela se inspira na árvore para produzir suas telas. "Traz cores vibrantes que estão na bandeira do Brasil", diz.
Apelo
O artista plástico Wanderson Petrova também faz um apelo: "deixem florescer, deixem as árvores viver!". Na página do Facebook, o perfil "Doid@s pelo Crajubar" questiona se as árvores presentes no canteiro central, onde será construída a Ciclovia, serão cortadas mesmo. "Amados, não reclamem do calor! Este pode ser o último florescer desta maravilha que cabe bem na vista de qualquer um que por ali costuma passar", escrevem os administradores da página.
Desde que chegou ao Cariri, há 4 anos, o chefe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), Paulo Maier, disse esse é um dos momentos mais bonitos da região, com a abundância dos ipês floridos. A pretensão do órgão é incentivar o plantio dessas espécies em áreas identificadas como degradadas e de manejo.
FIQUE POR DENTRO
Espécie nativa, bela e de muitas utilidades
O pau d'arco ou ipê é uma árvore tipicamente brasileira. No Cariri é vista de forma abundante na área da Chapada do Araripe, com espécies diferenciadas e floradas com cores distintas, como o amarelo, roxo, e, pouco comum na região, o branco. O ipê-roxo é indicado pelos moradores como árvore medicinal, principalmente indicada como anti-inflamatório. A madeira é bastante usada em construções e na fabricação de móveis. Mesmo com a exploração, principalmente do roxo, deverá haver um incentivo para o replantio em áreas degradadas pelo ICMBio.              (Diário do Nordeste)

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