Na maioria dos municípios muitos animais já morreram
devido a falta de água e
pastagens.
 FOTO: Blog Vidas para o Sertão
Animais mortos e reservatórios secando. A situação da população dos municípios de Aiuaba, Catarina e Arneiroz, na região dos Inhamuns no estado do Ceará, é considerada preocupante. Moradores, principalmente os da zona rural, estão sem água para beber e realizar atividades básicas como tomar banho e lavar roupa.

Na maioria dos municípios muitos animais já morreram devido a falta de água e pastagens. Proprietários se submeteram a vender seus rebanhos a ‘preço de banana’ e a população sofre com o excesso de calor e a dificuldade de conseguir água potável, submetidos ao precário abastecimento com carros pipa.

Manoel Araújo, presidente da Federação das Associações Comunitárias de Aiuaba, afirmou nunca ter visto em toda a sua vida como agricultor, uma seca tão grande quanto essa. Segundo ele, na zona rural a situação é ainda mais grave, porque a grande maioria dos reservatórios estão completamente secos, principalmente no distrito de Bom Nome, que fica na divisa com o Estado do Piauí. Lá, de acordo com Manoel, a população se obriga a comprar água.

Ainda de acordo com Manoel, a pouca água que chega à comunidade é através da operação carro pipa, oriunda do açude Benguê, distante 70 km do distrito. O açude Benguê é ainda o único reservatório que dispõe de água para atender a demanda populacional do município, embora com sua capacidade e qualidade da água muito comprometida. 

"Nossa estimativa é que aproximadamente seis mil pessoas estejam passando sede no município de Aiuaba. Uma das alternativas é que os agricultores cavem cacimbas ou pequenos barreiros, buscando na prefeitura o auxílio das máquinas do PAC, que nem sempre estão disponíveis por causa da grande demanda. Assim, muitas vezes o esforço é em vão, porque cava-se o solo e não se encontra água", afirmou o presidente da federação. 

De acordo com ele, além do Distrito Bom Nome, as comunidades Assentamento da Lindreza e Barra Verde também são afetadas pela seca, apesar do número de carros-pipa que fazem o trabalho de distribuição de água.

A aposentada Francisca Maria de Castro, considera alarmante a situação. Segundo ela, a população não tem acesso a água tratada. Ela acrescenta que isso tem causado problemas de saúde pública, como o aumento dos casos de diarreia.

O agricultor Pedro Rodrigues Feitosa, residente no distrito de Barra Verde, disse que a situação é de calamidade. "Nem água estamos tendo para beber, os animais já estão começando a morrer devido a falta d’água. Num calor como tá fazendo, só estamos tomando banho uma vez por dia, porque temos que racionar a pouca água que estamos recebendo dos carros pipas”, lamenta.

Já em Arneiroz, também nos Inhamuns, a situação é parecida. O trabalhador rural Francisco Marlon Nogueira de Mendonça, residente no Sítio Serra Pelada, distante 10 km da sede do município, afirmou que a seca é uma preocupação diária de todos os trabalhadores rurais. "Em nosso lugar os açudes e os pequenos barreiros já secaram. Onde ainda tem um pouco de água, é só uma lama grossa e não tem chance de consumir essa água”, disse o agricultor que perdeu mais de dez cabeças de gado.

Em Catarina, a situação se repete. O secretário adjunto de Agricultura do Município, Francisco Elkison Soares, disse que a maior preocupação é com uma quadro de desolação na zona rural. Segundo ele, a prefeitura está investindo na contratação de mais carros-pipas e na cavação de cacimbas com retro-escavadeiras, mas não está sendo suficiente, porque a demanda é grande, e a maior parte dos reservatórios já secaram.

"O semblante de tristeza do homem do campo é comovente. Os agricultores chegam a encher os olhos de água ao falar da seca castigante, da morte dos animais, mesmo porque a barragem Rivaldo de Carvalho, que é a principal fonte de abastecimento está secando. A água já está impropria para o consumo humano e animal, está esverdeada sem as mínimas condições. A barragem que tem uma capacidade para 16 milhões de metros cúbicos de água, hoje só está com apenas 3%”, afirma Soares.                     (Jornalista Amaury Alencar)

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