O mês de outubro registrou 1.310 focos ativos de incêndio no Ceará. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Este número supera não só todos os meses de 2016 como é o pior registro desde dezembro de 2011, quando foram anotados 1.441 casos.
Se os meses de novembro e dezembro seguirem a média dos últimos anos, 2016 terá o maior número de focos desde 2005, quando foram apontados 5.896 casos. Historicamente, outubro faz parte dos meses em que as queimadas são mais frequentes. Diversos fatores influem para que a partir de setembro os focos aumentem. O ar seco e a temperatura elevada fazem com que zonas de pressão sejam criadas e isso intensifica a força dos ventos, fazendo com que o fogo se propague muito mais rápido.
A Secretaria do Meio Ambiente (Sema) coordena o Programa de Prevenção, monitoramento, Controle de Queimadas e Combate aos Incêndios Florestais (Previna) desde 2004. Para o geógrafo, mestre em Meio Ambiente e coordenador do Previna, Leonardo Borralho, não há como medir os danos causados. "São prejuízos incalculáveis. O que a natureza leva dezenas ou centenas de anos para realizar acaba sendo perdido em poucas horas, isso é triste", relata.
Leonardo também explica o motivo de outubro ter apresentados índices tão relevantes: "São as secas históricas que vão se acumulando e vamos ficando cada vez mais suscetíveis e vulneráveis a esse tipo de ocorrência. É um reflexo do quinto ano de chuva abaixo da média. Temos que torcer que chova mais para recuperar os estragos".
Quanto mais pobre for o solo, maior é a dificuldade daquela área se recuperar. Às vezes o local encontra-se tão degradado que a vegetação nativa não consegue prosperar novamente. Isso acaba gerando um outro problema, como no Parque do Cocó, em que o mangue perdeu parte do seu espaço para o capim.
Em 2016, no Cocó, a natureza perdeu cerca de 1,5 hectares de cobertura vegetal herbácea e arbustiva. Na Área de Proteção Ambiental (APA) da Serra de Baturité, os danos ultrapassam os 30 hectares. Para se ter uma ideia, essa área equivale a cerca de quatro vezes a área do Centro de Eventos do Ceará. Vale ressaltar que os danos não são apenas vegetais. Muitas espécies de animais acabam ficando sem abrigo e morrendo.
Dentre as medidas de prevenção e combate aos incêndios, estão a coleta de materiais que podem gerar fogo, a Educação Ambiental para as pessoas da região, replantar mudas que sejam nativas, o tempo de resposta rápido da brigada para diminuir o dano ambiental e o isolamento da área - para que caso ela entre em chamas, o fogo não se espalhe para um espaço de vegetação mais importante.
Funceme
Pelas dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) o cenário não deve melhorar até o fim deste ano, a tendência é que a situação se agrave. Os meses de novembro e dezembro são de baixa probabilidade de chuva e não devem superar o esperado. A média de chuvas neste mês é de apenas 6mm e para o próximo 32mm. O ideal seria algo em torno de 100mm no mês. (Colaborou Gabriel Borges)                 (Diário do Nordeste)

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