Em 2015, nasceram 497 bebês prematuros em Juazeiro,
entre a 22ª e 36ª semana de gestação
O aumento do número de partos prematuros tem chamado atenção dos profissionais da saúde, principalmente por ser considerada a segunda principal causa de mortalidade infantil do mundo. Coordenadora da Neonatologia do Hospital Maternidade São Lucas, em Juazeiro do Norte, há 10 anos, a médica pediátrica Lilianny Medeiros afirma que pesquisas apontam cerca de 15 milhões de nascimentos antes do tempo ideal todos os anos. No Brasil, são 350 mil.

Na cidade juazeirense, dados da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará apontam, em 2015, 497 nascimentos de bebês de 22 a 36 semanas de idade gestacional, um total de 12,1% de todos os nascimentos em 2015, o que está de acordo com os resultados do estudo da Unicamp. O número de óbitos infantil em menores de um ano foi 58, sendo 41 no período neonatal (70,6%).

O dado preocupa a profissional. Ela informa que dos oito leitos disponíveis na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal, 90% estão ocupados por prematuros. Em relação ao número de partos, 60% ocorrem antes das 37 semanas. Por conta disso, a pediatra organiza a I Semana da Prematuridade, que ocorre até sexta-feira (18). As ações acompanham as atividades mundiais realizadas em novembro, mês que se comemora o tema.

Lilianny Medeiros ressalta a importância de chamar atenção de profissionais, população e do poder público para a situação. “É a segunda maior causa de mortalidade infantil, pois 70% dos bebês abaixo de um ano morrem no período neonatal, que vai até 28 dias depois do nascimento prematuro. As causas que geram o parto antecipado podem ser prevenidas com orientações à mulher e com o atendimento na Atenção Básica”.

Como causas da prematuridade em relação à mãe, há a questão da idade (menor de 16 anos ou acima de 35); baixo ou alto peso, pois tem mais riscos de diabetes e hipertensão; maus hábitos de vida; uso de entorpecentes; doenças crônicas. No entanto, o problema pode ser evitado com cuidados antes e durante a gravidez, com o pré-natal adequado. Segundo o Ministério da Saúde, no mínimo, a gestante precisa realizar seis consultas. O ideal, no entanto, seria até 28 semanas, uma consulta mensal; até a 37º, duas consultas por mês; e até a 41º, uma consulta por semana.

“Não é porque chegou a 37º semana que está tudo bem. Às vezes, complica justamente nesta etapa, porque a placenta começa a envelhecer e diminui a circulação de oxigênio para o bebê e ele pode entrar em sofrimento fetal. Pode acontecer de não haver prematuridade, mas a desnutrição intraútero, pois os bebês podem até nascer depois das 37 semanas, mas nascem abaixo do peso ideal. A gente que recebe os casos percebe que geralmente a prematuridade é ocasionada pela falta de um pré-natal e acompanhamento adequado pela responsabilidade da mãe ou, pior, falhas no sistema público de saúde”, menciona a médica.

A coordenadora ressalta, ainda, os traumas psicológicos que a mulher passa e o sofrimento durante a internação do bebê. Mesmo saindo da internação, a médica observa as sequelas visuais, auditivas, neurológicas, que podem surgir. Os bebês prematuros são aqueles que nascem entre a 34ª e 37ª semana. Quanto mais próximos da 36ª semana, eles são considerados prematuros tardios. Estes nascem numa condição melhor, o pulmão está mais amadurecido e apresentam uma condição melhor quando estão acima de dois quilos, sem nem precisar passar pela UTI. No entanto, podem apresentar dificuldades na alimentação, ganho de peso, problema pulmonar, etc.

A programação conta com palestras sobre como prevenir os casos, orientação psicológica para os profissionais que acabam se envolvendo com as famílias, pedir melhorias do SUS, entre outros. Para os interessados em participar da Semana, basta entrar em contato com o Hospital São Lucas e pedir mais informações: 3587-3352.                      (Jornal do Cariri)

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