A explicação para a rápida recuperação do setor está na
ramificação econômica da cidade.FOTO: Elizangela Santos
O primeiro semestre deste ano não foi favorável ao mercado imobiliário. A crise financeira que gerou retração econômica no País afetou, também, o setor da construção civil, um dos segmentos mais promissores deste município, que detém a quinta maior economia do Estado. Diante deste cenário, muitas construtoras viram seus estoques estacionando, com pouco investimento pelo consumidor, que depende do crédito e do financiamento imobiliário para adquirir a tão sonhada casa própria.
Fato é que a economia de Juazeiro, apesar da crise nacional, não estagnou e, nos últimos dois meses, o mercado imobiliário junto à construção civil começaram a perceber novamente uma linha ascendente. O consumidor, segundo o economista Áydano Ribeiro Leite, está retomando a confiança. "As construtoras sentiram a crise, claro, mas não pararam de investir. E para isso, optou-se por um local que apesar de tudo, continua a crescer", lembrou Neumayer Neil Filho, construtor da A&B Engenharia.
A explicação para a rápida recuperação do setor está na ramificação econômica da cidade. Outrora baseada unicamente no comércio, alicerçado pelo turismo religioso, nos últimos anos, se expandiu. Além do comércio, ganharam força a indústria, o polo educacional e gastronômico e, por último, a construção civil. "Avalio que a crise chegou mais tarde em Juazeiro e saiu mais cedo. De meados de outubro em diante, começam a notar uma recuperação muito boa", acrescentou Neil.
Recuperação
Vários fatores impactaram para que a busca de imóveis diminuísse, entre eles, o desemprego e a alta dos juros. "A taxa de juros subiu, tivemos altos índices de desemprego e as expectativas se deterioraram. A aquisição de um imóvel é diferente de aquisição de um bem de consumo, e por isso, as pessoas preferiram segurar o seu dinheiro na incerteza do dia de amanhã", diz o economista José Pio Martins.
O corretor Paulo Oliveira avalia que o pior momento já está passando, mas ressalta que "os sinais de uma melhoria significativa no crescimento imobiliário virão a partir do início de 2017 com a desaceleração da inflação e a queda da taxa básica de juros no País, fatores que vão favorecer a oferta de crédito imobiliário para o consumidor". Neil lembra, ainda, que o cenário econômico de Juazeiro ajudou na rápida recuperação do setor.
"Juazeiro é a capital do Cariri, uma região que, ao todo, tem mais de 600 mil habitantes. A cidade está perto de várias capitais do Nordeste e, o mais importante, tem vida própria. A renda per capita aqui ultrapassa os nove mil reais, e se olhar para Brejo Santo, por exemplo, uma cidade pequena, essa renda ainda assim é boa, ultrapassando a casa dos quatro mil. Portanto Juazeiro hoje é diferente de tudo que se vê no Estado. Uma cidade com enorme potencial e que ainda vai despontar bastante", ponderou Neumayer.
Para Acidália Silva, corretora de imóveis na região há oito anos, "a confiança e a renda dos brasileiros tende a aumentar com a previsão de que haja redução de juros, e melhora das perspectivas sobre a inflação". Isso porque, segundo ela, "consumidores confiantes, com possibilidades positivas em relação ao emprego e, consequentemente, à condição financeira, compram mais, o que ajuda no aquecimento da atividade econômica".
Crescimento Vertical
O processo de verticalização já é notado em pontos distintos da cidade. Os bairros Triângulo e Lagoa Seca despontam com a maior quantidade de prédios atualmente em construção. São, pelo menos, dez grandes obras em andamento, que empregam centenas de profissionais e ajudam a movimentar a economia da cidade.
O setor da construção civil é, inclusive, um dos que possuem maior oferta de emprego, conforme a gerente da unidade Sine/IDT de Juazeiro do Norte, Conceição Araújo. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, nos primeiros sete meses do ano, o setor contratou 931 pessoas somente em Juazeiro.
Na Lagoa Seca, considerado o bairro mais nobre da cidade, este novo perfil urbano tem se tornado cada vez mais evidente. Além dos condomínios residenciais, estão sendo erguidos prédios de alto padrão.
Um dos edifícios mais altos do Estado está em fase final de construção. Serão 31 pavimentos e 50 apartamentos em cada uma das duas torres. O empreendimento detém, ainda, características únicas no Brasil. Será o primeiro com biblioteca equipada e mirante gourmet no topo de cada uma das torres.
Segundo o construtor Neumayer Neil, são cerca de R$ 80 milhões investidos em uma obra que emprega mais de 280 funcionários. "A cidade não está apenas com quantidade, mas também qualidade. As obras aqui em Juazeiro possuem padrão dos empreendimentos dos grandes centros, isso mostra a força da economia da região", destacou Neil.
Acidália acrescenta que esse novo público tem um perfil diferente. "Esses empreendimentos estão caindo no gosto das pessoas pois elas buscam cada vez mais, além de conforto, segurança".
Perspectiva
Neumayer Neil avalia que o ano de 2017 trará boas surpresas e o mercado poderá retomar o fôlego, inclusive com novos lançamentos de incorporações residenciais. "Estamos com uma visão otimista do mercado como um todo. Nosso empreendimento está com mais de 75% dos apartamentos vendidos e novos lançamentos já estão previstos", concluiu.
Para Áydano Ribeiro Leite, professor assistente do Departamento de Economia da Universidade Regional do Cariri (Urca) e doutorando em Economia Aplicada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), o ano de 2017 poderá representar um ponto de inflexão para economia brasileira. "Espera-se a retomada do crescimento econômico, do mercado de trabalho e uma taxa de inflação convergindo a sua meta de 4,5%. Consequentemente, espera-se juros menores, fundamental à retomada do crédito e aos investimentos".
ENQUETE
Como avalia o mercado imobiliário local?
"O mercado passou por um momento delicado diante da crise, mas tem se recuperado e atualmente está em ebulição. A expectativa é que o consumidor volte a ganhar confiança e volte a comprar ou investir"
Paulo Oliveira
Corretor
"Está novamente em ascensão. A procura por imóveis, especialmente os prontos e usados, tende a crescer. Esse é um setor que puxa vários outros, se vai bem, é sinal de que a economia está positiva"
Acidália Silva
Corretora                                 (Diário do Nordeste)

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