Com o grande volume de fabricação de joias
com metais e pedras preciosas, Juazeiro ganhou
destaque no cenário estadual, notabilizando-se como
um dos mais importantes. FOTO: André Costa
O juazeirense Antônio Joaquim Fabrício Neto, 48, teve uma infância diferente da maioria das crianças de sua época. Logo aos 12 anos, começou a trabalhar como auxiliar de produção de joias, em Juazeiro do Norte. O início precoce no mercado de trabalho coincidiu com uma das épocas mais promissoras do ouro na cidade - ficando atrás apenas dos anos 30, tempo de maior pujança.

Entre as décadas de 40 e 70, destaca ele, eram mais de 800 fábricas artesanais de pequeno, médio e grande porte, hoje também chamadas de oficinas. Com o grande volume de fabricação de joias com metais e pedras preciosas, Juazeiro ganhou destaque no cenário estadual, notabilizando-se como um dos mais importantes. "Meu patrão vendia para todos os cantos do Brasil", recorda. O tempo passou e o cenário, também.

Redução

Hoje, a cidade de Juazeiro do Norte está muito baseada no comércio, setor responsável por 83% da economia do município, segundo dados da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL); e na indústria, com destaque para o polo calçadista, terceiro do País. No entanto, apesar de perder espaço para outros segmentos, se comparado às décadas de 40 e 50, cujo setor gerava mais de mil empregos, a fabricação de joias ainda está presente na cidade, garante Antônio.

"Claro que, se formos comparar com as décadas passadas, houve uma queda. Mas ainda há mercado. Se não tivesse rentabilidade, aqui no centro comercial não existiria as 20 ou 25 oficinas", pontua.

Como exemplo da sobrevivência do ofício, destaca-se a nova geração de ourives. Dos quatro filhos de Seu Antônio, dois seguiram os passos do pai e hoje também trabalham na fabricação de joias. Helton de Melo Fabrício, 24, é um deles. Há pelo menos oito ele atua no processo de fabricação, que vai desde a lapidação do ouro bruto até o acabamento final, o que pode levar de dois a três dias.

E eles não são os únicos. Atualmente, são cerca de 40 fábricas de joias e semijoias na cidade, com quase cem ourives. Um ofício incentivado pelo patriarca, Padre Cícero, e que ainda resiste ao tempo e à globalização.

"Antigamente, as peças possuíam o design mais limitado, eram cordões e anéis quase padronizados. Hoje, já trabalhamos com algo mais conceitual. Todas as minhas peças são feitas sob encomenda, portanto, a imaginação do cliente rege meu trabalho. É um avanço também da nossa profissão", acrescentou Antônio Joaquim

Folheados

Entre os ourives, uma unanimidade. O advento das peças folheadas e bijuterias foi o grande responsável pela queda na comercialização nos últimos anos.

"Não tem como competir com estas peças. Uma corrente de ouro, por exemplo, que vendemos a dois mil reais, mas sendo ela folheada, o cliente pode comprar até de R$ 200", lamenta Antônio. Em tempos de retração na economia, a procura por peças mais em conta fica ainda mais latente.

O retrato deste cenário são as lojas do segmento que não param de crescer na cidade. Além de abocanhar significativa fatia do mercado, com peças que variam de R$ 5 a R$ 500, os fabricantes de folheados e bijuterias já estão exportando para outras unidades federativas, com destaque para o Nordeste.

Para Flávio França, proprietário da loja França Joias, a procura têm crescido nos últimos anos, mesmo diante da crise financeira. Ele atribui o sucesso do segmento aos valores acessíveis junto à qualidade das peças.

Reflexo dessa prosperidade é a quantidade de lojas que comercializam e o número de fábricas que produzem essas peças. Além do surgimento dessas empresas genuinamente juazeirenses, o potencial do setor de folheados e bijuterias tem atraído, também, fabricantes de outros Estados, inclusive de outra regiões.            (Diário do Nordeste)

Cariri

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