Governador destacou a situação hídrica crítica e

disse que neste mês medidas mais severas deverão

ser adotadas. FOTO: André Costa

Fortaleza. Caso venha a ocorrer, em 2017, um sexto ano consecutivo de seca, não terá o socorro das águas da Transposição do Rio São Francisco. Ao invés disso, medidas alternativas, como expansão de adutoras, cisternas e o uso de novas tecnologias, como o reúso e a dessalinização de águas do mar, deverão auxiliar no atendimento às demandas hídricas.


O quadro atual da seca e as ações empreendidas e em andamento foram explicitadas pelo governador Camilo Santana, no Palácio do Abolição, durante o Encontro sobre a Convivência com a Seca e a Transposição do Rio São Francisco no Ceará. Reforçando a campanha "Todos pela água", o evento reuniu representantes dos três poderes do Estado. Além do governador, estiveram presentes os presidentes da Assembleia Legislativa, Zezinho Albuquerque, e do Tribunal de Justiça, Iracema do Vale, e o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, bem como representantes de classes produtivas, prefeitos e membros do Congresso Nacional, Assembleia Legislativa e Câmaras Municipais. Na ocasião, ele fez a entrega de três perfuratrizes para a Sohidra.

Durante a explanação, Santana reforçou a importância da transposição do Rio São Francisco para a segurança hídrica do Estado. Lembrou que a interrupção no trecho Norte, em junho passado, fez aumentar a preocupação do poder público com o abastecimento, especialmente considerando mais um ano seca em 2017 ou uma recarga baixa dos açudes cearenses.

Apesar de destacar que muitas ações foram desenvolvidas para suprir as necessidades básicas, tanto na Capital, quanto no interior, ele reconheceu a situação crítica das reservas hídricas, o que implicará numa nova avaliação neste mês, necessitando medidas mais severas para a economia da água.

Emergência

Camilo disse que a interrupção da obra golpeou as pretensões do Estado em termos de segurança hídrica. No entanto, a retomada está condicionada a uma nova licitação, que deverá ocorrer apenas em janeiro.

"Os prefeitos sabem que licitações são complexas e sujeitas a ações judiciais", disse o governador. Com isso, salientou que há um entendimento que as obras sejam reiniciadas em fevereiro, em casos de questionamentos na Justiça entre as empresas concorrentes, a fim de que, pelo menos em 10 meses, as águas do São Francisco cheguem ao Ceará por meio da Transposição.

"Em 2012, neste mesmo período, tínhamos mais 49% das reservas hídricas. O quadro atual é de 7,55%", afirmou o governador. A tensão no abastecimento aumenta porque é incerta a possibilidade de uma boa quadra chuvosa.

Por conta do déficit hídrico, o governo do Estado, conforme Santana, investiu em ações para amenizar os efeitos da seca. Ao longo de 2015 e 2016, foram perfurados mais de 2,8 mil poços, construídos 330 quilômetros de adutoras, instalados 550 chafarizes e 191 sistemas de dessalinização de água.

Com relação às obras estratégicas, Santana disse que o Cinturão das Águas prossegue com suas obras dentro do cronograma previsto e há o compromisso de duplicação do Eixão das Águas, permitindo maior vazão de água do Castanhão para Fortaleza e cidades e da Região Metropolitana.

Conscientização

Ao reunir prefeitos, lideranças políticas, empresários e a comunidade acadêmica, Camilo Santana disse que o grande desafio do momento é a conscientização contra o desperdício, diante de um cenário crítico para o Estado.

"É preciso que, nesse momento, sejamos todos pela água, sem partidos e ideologias. Que todos nós estejamos em defesa da conclusão das obras do Rio São Francisco", disse.

Durante a entrevista coletiva, Santana voltou a manifestar a preocupação com mais atraso nas obras da transposição. Ele lembrou que, ao mesmo tempo que o setor Leste já faz com que as águas cheguem a Pernambuco, no setor Norte, que atenderá o Ceará, faltam cerca de 8% para o fim dos serviços. "Há sempre a possibilidade de embargos após a decisão da licitação. Daí a necessidade se iniciar emergencialmente o trabalho em fevereiro", destacou. Segundo informou o Ministério da Integração Nacional (MI), os dois eixos estão 90,5% finalizados.

A Transposição do Rio São Francisco é maior obra hídrica do País, devendo beneficiar 12 milhões de pessoas em quatro Estados. Com essas águas, será possível dar aporte aos reservatórios cearenses, incluindo o Castanhão, responsável por abastecer boa parte da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). No momento, esse maior reservatório do Ceará está a menos de 100 dias para atingir o volume morto.

(Diário do Nordeste)

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