O intenso calor, entretanto, foi visto, por muitos,
como fonte de renda. FOTO: André Costa
Nos últimos 80 dias, choveu apenas uma vez em Juazeiro do Norte, conforme boletim diário da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). A chuva do último dia 02, de 11 milímetros, veio após um longo período de total estiagem mas não amenizou a forte onda de calor. Os termômetros espalhados pela cidade ultrapassam, em alguns dias, a casa dos 40ºC.
Oportunidade
O intenso calor, entretanto, foi visto, por muitos, como fonte de renda. Em tempos de retração na economia e alta taxa de desemprego, enxergar as oportunidades pode ser uma boa alternativa para driblar a crise. Em cada semáforo da cidade onde há maior fluxo de veículos, la estão, dois ou três ambulantes comercializando água mineral, sorvete, picolé e água de coco. “Foi uma forma de ganhar dinheiro, já que estou desempregado há dois anos”, diz Orlando Eduardo de Oliveira, um dos primeiros ambulantes a iniciar as vendas nos semáforos da cidade.
O vendedor conta que, inicialmente, alternou entre os semáforos da Avenida Padre Cícero, próximo a dois atacados de Juazeiro e a Avenida Castelo Branco, ao lado do shopping da cidade. A estratégia de venda, no entanto, sofreu alteração ao longo dos dias. “Vi que era melhor escolher um local e ficar fixo. Percebi que, ao passar dos dias, os clientes iam lembrando do meu rosto e eu tinha mais chance de vender ganhando a confiança deles”, acrescenta, ao justificar sua escolha pela Avenida Castelo Branco.
Renda
Apesar de não revelar quanto fatura por dia, Orlando, como é conhecido, afirma que “está dando para pagar as contas”. A menos de 100 metros dali, outros dois ambulantes também viram o “bico” se transformar na principal fonte de renda da casa. “Aqui o fluxo é grande, além de ser em frente ao shopping, é perto da parada de ônibus para quem vai para Crato e Barbalha. Dá pra vender bem”, explica Luzinete Maria. De um lado da rua, ela vende água mineral e no sentido oposto, seu esposo oferece água de coco, “tudo muito gelado”, garantem.
A renda dos dois, asseguram, dá para manter em dias a prestação da motocicleta comprada há dois anos, além de “pagar outras continhas”. Apesar do sucesso nas vendas, o casal confidencia outros planos para 2017. “É duro trabalhar o dia todo no sol, desgasta e não temos nenhuma segurança, já que não há carteira assinada”, reconhece Maria.
“Torço para que as coisas no Brasil melhorem e a gente consiga um emprego”, finaliza ela. Orlando compartilha da mesma opinião e diz que pretende abrir seu próprio negócio no futuro “breve”.
“Desde que comecei a vender água, há dois anos, já perdi 13 kg. É um trabalho exaustivo, a gente tem que correr e não pode nem pensar em ir em casa descansar na hora do almoçar, pois é nesse horário que mais vendemos”, conta. “Estou tentando juntar um pouco de dinheiro para abrir meu negócio”, conclui.
Desemprego
A taxa de desemprego no Brasil, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), subiu para 11,8% no trimestre encerrado em agosto. No trimestre anterior (maio, junho e julho), a taxa estava em 11,2%, e já era a maior da série histórica. De acordo com a pesquisa, mais de 12 milhões de pessoas estão desocupadas no país.
De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), este ano encerrará com previsão ainda pior da traçada no início de 2016. Em relatório sobre o cenário da economia global, divulgado em outubro, o órgão diz que o Brasil deve fechar 2016 com 11,2% de desempregados, o que representa um ponto percentual acima do que o FMI havia previsto em abril.                               (Blog Diário Cariri)

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