Açude Paulo Sarasate. FOTO: Marcelino Junior
Enquanto caía uma discreta chuva em Fortaleza, na manhã de ontem, o Governo do Estado apresentava o prognóstico para a quadra chuvosa de 2017: depois de cinco anos de seca, a probabilidade de chuvas dentro da média histórica é de 40% para os meses de fevereiro, março e abril, segundo informou a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), durante o XIX Workshop Internacional de Avaliação Climática para o Semiárido Nordestino. No entanto, o clima permaneceu nublado, e os discursos do presidente do órgão, Eduardo Sávio, e do secretário estadual de Recursos Hídricos, Francisco Teixeira, eram de preocupação.

"A chuva se for bem distribuída pode até contribuir para uma boa safra agrícola. Outra coisa é chuva intensa para encher reservatório. Pode encher os pequenos e médios reservatórios, mas os grandes precisam de chuvas mais intensas. Então, nossa atenção estará voltada para os açudes Orós, Castanhão e Banabuiú, que são importantes para o maior centro de irrigação do Estado - que é o Baixo Jaguaribe - e para o maior centro de consumidor de água e abastecimento, que é Fortaleza", alerta Teixeira.

A manutenção do estado de alerta se justifica porque, apesar de o prognóstico ser pouco positivo, a probabilidade de a chuva na Região Sudeste - onde está o Orós, por exemplo, e cidades como Cedro e Iguatu -ficar acima da média é de apenas 25%. É neste setor onde estão localizados os reservatórios mais estratégicos do Estado. Na Região Noroeste - onde estão, por exemplo, Tianguá, Camocim e Sobral - a probabilidade para precipitações acima da média é melhor, de 40%. No entanto, é onde, a princípio, não aproveitaríamos para recarga dos açudes. "Em anos normais, que é a categoria mais provável, nós temos 50% de chances de ter escoamento significativo nos reservatórios. Então, significa que teremos aí cerca de 55% de probabilidade, com base na previsão, de nós não termos escoamentos significativos para reservatórios como o Castanhão, Orós", alertou Eduardo Sávio.

Além disso, há ainda uma tendência, conforme o presidente da Funceme, para o segundo semestre de 2017, de surgimento do El Niño e um consequente cenário de poucas chuvas. "Os modelos indicam uma leve diminuição das probabilidades mais favoráveis da chuva; o aumento consistente de probabilidade do El Niño até o fim do ano. Não é previsão. É preocupação. E a preocupação nesse prognóstico agora também é de 2018".

Trimestre

No ano passado, o resultado das análises apontou para maior probabilidade de ano seco, quando indicou 64% de probabilidade de o trimestre fevereiro-março-abril ser seco, 27% de chance de ser normal e 9% chuvoso. O primeiro prognóstico de 2017 é mais animador do que os cinco últimos, quando as previsões apontaram para chuvas abaixo da média histórica.

O último ano com chuvas na média histórica ou acima dela foi em 2011, quando o volume acumulado entre fevereiro e abril foi 523 milímetros. De lá para cá, de 2012 a 2016, o volume observado foi de 283,9mm; 272,1mm; 375,1mm; 381mm; e 279,9mm, respectivamente.

Na próxima semana, serão apresentadas as previsões de recarga dos reservatórios. "A nossa preocupação em relação ao ano passado acaba sendo maior porque em 2016 a gente estava com pouca água, mas eram mais de 12%, e nós estamos, agora, com a metade, de 6,5% da capacidade de reservatórios. Então, o aporte é mais necessário ainda. O que nos alenta é que a probabilidade de ser seca no ano passado era de mais de 60%. E hoje nós temos probabilidade de ser 30%". Além disso, é possível que 2017 acabe com a seca meteorológica - ligada à quantidade de chuvas, mas a seca hidrológica, relacionada à redução dos níveis médios d´água nos reservatórios, tem uma defasagem.

FIQUE POR DENTRO

Racionamento de água na RMF é descartado

A decisão de racionar a distribuição de água para o consumo humano na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) em fevereiro não existe, conforme o secretário Francisco Teixeira. "A gente vai buscar o uso mais racional da água", justifica ele, acreditando que é possível manter a situação com ações menos drásticas mesmo, com o nível de água dos reservatórios com apenas 6,48% de sua capacidade, conforme últimos dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos.

O secretário Chefe do Gabinete do Governador, Élcio Batista, acrescentou que, apesar de ter sido colocado que precisaria fazer racionamento na RMF, a decisão de Camilo Santana foi de apostar em soluções criativas. "O lado mais fácil é o racionamento. O criativo é fazer com que a gente suba um patamar na história de gestão recursos hídricos"                            (Diário do Nordeste)


Ceará

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