Há muito tempo se diz que o diagnóstico da Aids não é mais uma sentença de morte. Contudo, enquanto outros estados mais populosos, como São Paulo e Rio de Janeiro, conseguiram de fato reduzir as taxas de mortalidade por conta da doença ao longo dos anos, no Ceará esse índice aumentou. De acordo com boletim divulgado ontem pelo Ministério da Saúde, no período de 2006 a 2015, o coeficiente de mortalidade da infecção no Estado cresceu 38%, passando de 3,1 óbitos por 100 mil habitantes para 4,3.

Para quem sofre com a doença, o acesso aos serviços de saúde e ao tratamento completo é considerado a principal dificuldade, que pode ser determinante na longevidade dos pacientes.

O coordenador da Rede Nacional de Pessoas vivendo com HIV/Aids (RNP+Ceará), Vando Oliveira, afirma que, no Estado, o atendimento é centralizado e falta assistência integral. "Nossos serviços ainda passam por grandes problemas, especialmente o Hospital São José, onde tem maior numero de pessoas atendidas. O ambulatório há mais de dois anos não comporta mais pacientes. Quando vamos marcar consulta, que deveriam acontecer de 90 em 90 dias, só conseguimos para cinco ou seis meses", destaca. "É possível viver bem com HIV desde que a gente tenha não só medicamento, mas o tratamento como um todo", completa o coordenador.

O infectologista Érico Arruda, profissional do Hospital São José e presidente da Sociedade Cearense de Infectologia, reitera os problemas do atendimento na unidade, mas ressalta que o aumento da taxa de mortalidade também pode estar relacionado à grande incidência de doenças oportunistas no Estado. Infecções como leishmaniose, histoplasmose e tuberculosa, ainda frequentes no Ceará, aproveitam-se do sistema imunológico enfraquecido de pessoas com Aids e podem desenvolver manifestações graves, levando ao óbito. "Também existe um grande numero de pacientes em dependência química que abandonam o tratamento e ficam com acompanhamento irregular, passando de internação em internação e sem condições de se manterem em boa assistência", diz.

Serviços

A assessora técnica da Coordenação Estadual de IST/Aids destaca que a Sesa pretende, neste ano, ampliar a oferta de serviços de saúde para portadores de HIV e pessoas com Aids no Ceará. Segundo ela, o projeto do órgão é implantar assistências de forma regionalizada, em policlínicas no Interior do Estado.                            

(Diário do Nordeste)

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