Nada menos que 233 crianças do Ceará encontram-se sob risco de piora nos seus tratamentos de saúde por conta do atraso na entrega do medicamento Sabril (Vigabatrin) 500mg. Trata-se de um anticonvulsivante imprescindível para a manutenção do estado de saúde dos pacientes.
O remédio é distribuído mensalmente pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Contudo, desde o mês de dezembro não é entregue aos pais das crianças, o que tem gerado grande apreensão. Ivan Sampaio é pai de um desses pacientes, o Mateus, de 7 anos, que sofre de paralisia cerebral. Conforme relata, a preocupação é maior pois grande parte dos pais não têm recursos para comprar o remédio, cuja caixa pode custar até R$300. Além disso, existe a dificuldade de encontrá-lo nas farmácias, já que a principal demanda é coberta pelo Estado.
"São mais de 200 crianças que dependem da medicação e podem convulsionar, ficar em estado vegetativo ou até mesmo morrer. É muito desesperador, pois é de responsabilidade do Estado. Todos estão sem o remédio. Um dos pais chegou a fazer um empréstimo para tentar comprar outra caixa, enquanto outro, que tem uma condição social mais elevada, encomendou o medicamento de Brasília, mas não são todos que têm essa possibilidade", comentou.
Segundo Ivan Sampaio, no último dia 21 de janeiro, houve uma reunião com representantes da Defensoria Pública do Ceará e da Secretaria Estadual da Saúde na tentativa de resolver a situação. "Eles compraram todas as medicações do mês, menos o Sabril, por algum motivo. A promessa foi de que até o dia 8 de fevereiro eles comprariam o remédio, mesmo sem licitação, mas não foi o que aconteceu", comunicou. O pai de Mateus afirma que o filho já faz uso do medicamento há seis anos, sempre recebendo o remédio da Secretaria da Saúde.
"Durante esse tempo, essa é a segunda vez que isso acontece. Em 2015, também houve um atraso, mas foi de um mês. Mas agora todos estão em pânico. Já é difícil lidar com a situação que nossas crianças enfrentam e temos medo de que tenham uma convulsão e percam os avanços nos tratamentos".
Mobilização
Caso a situação não seja resolvida, o grupo de pais que precisam do medicamento pretende se reunir, em protesto, na próxima quarta-feira (15), às 9h, na frente do prédio da Secretaria Estadual da Saúde.
A demanda para o Estado é de 18.269 comprimidos por mês, em atendimento a 233 pacientes cadastrados para o recebimento da Vigabatrina 500mg. Em nota, a Sesa informou que o desabastecimento se deu durante os meses de janeiro e fevereiro de 2017, mas que vem tentando adquirir o medicamento desde dezembro passado, o que não vem sendo possível pela falta de propostas dos distribuidores autorizados a comercializá-lo. "Ou seja, a compra foi inviabilizada pela falta de cotação por parte do único fabricante do Sabril", diz a nota.
A secretaria diz, ainda, estar em andamento uma dispensa de licitação para a compra, para que a demanda seja atendida o mais rápido possível. Neste caso, segundo a pasta, a aquisição do medicamento por meio da dispensa está estimada para este mês, com previsão de chegada em março de 2017.
"Houve fracasso de dois pregões consecutivos para a Vigabatrina 500mg, PE Nº01019/2016 e Nº00561/2016. Tal fato impossibilitou a compra do medicamento no mês de dezembro para reposição do estoque", detalha a nota da Sesa.                      (Diário do Nordeste)

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