Segunda etapa da regulamentação prevê emplacamento
de carroças e identificação dos profissionais.
FOTO: Serena Morais
14h05 - 07.02.2017

Os carroceiros do Crato estão na luta pelo reconhecimento da profissão e legalização de sua entidade de classe, chamada inicialmente de Associação dos Carroceiros e Amigos do Crato (ACAC), cuja diretoria foi eleita no dia 2 de dezembro do ano passado. A entidade quer filiar aproximadamente 70 carroceiros do centro, bairros, distritos e zona rural. O cadastramento dos sócios já começou e a próxima etapa será o emplacamento das carroças, aquisição de coletes e a instituição do uso de carteirinhas e crachás.

Depois que a entidade ganhar personalidade jurídica, ou seja, obter o CNPJ e ter seus estatutos publicados em cartório, a categoria sairá em busca de direitos constitucionais como aposentadoria, assistência médico-odontológica, assistência jurídica, lazer e mais espaços no mercado de trabalho, por intermédio de parceria com o poder público nos âmbitos municipal, estadual e federal, principalmente com os órgãos responsáveis pela coleta seletiva e reciclagem de lixo.

Eles reivindicam, também, a instalação de um sistema Disk Carroça e que seja acessível a todos que necessitam dos serviços deles. Os carroceiros pensam, ainda, em celebrar convênios que proporcionem o atendimento veterinário como vacinação dos animais, controle de doenças, aquisição de medicamentos abaixo custo e, por fim, um galpão que sirva de espaço conveniente para repouso e alimentação dos animais. “A ACAC vai trabalhar em parceria com a União Protetora dos Animais, Guarda Municipal e Demutran”, disse o presidente da entidade, carroceiro Francisco das Chagas Roberto. Ele acredita que a legalização da Associação e o reconhecimento da profissão por parte da sociedade e dos órgãos governamentais é um sonho de toda a categoria.

O presidente de honra da ACAC, Cristiano Andrade, acredita que é possível conquistar esses direitos para os carroceiros e até mesmo outros objetivos de valorização da categoria, como a realização de cursos de manejo de equinos e qualificação profissional. Ainda conforme Cristiano, os carroceiros estão dispostos a cumprirem os deveres e obrigações das leis de proteção animal, ambientais e de trânsito. “O bom carroceiro é aquele que não maltrata ou abusa do animal, usa sempre o equipamento de descanso anexo a carroça, evita excesso de peso e outros procedimentos condenáveis.”

O inciso 1º do artigo 141 do Código Nacional de Trânsito diz que a responsabilidade de fiscalizar e legalizar a atividade exercida com veículo de tração animal é do poder público municipal. O vereador Roberto Anastácio (Bebeto) está entrando na Câmara Municipal com projeto de lei para legalizar a atividade profissional do carroceiro no Município. Caso seja aprovado, o Crato passará a ser a segunda unidade municipal do interior a ter essa profissão reconhecida. A primeira foi Juazeiro do Norte.

O jornalista e historiador Huberto Cabral disse que esta não é a primeira vez que se tenta legalizar e legitimar a profissão de carroceiros no Crato. Ele conta que, em 1950, surgiu uma entidade idêntica a que hoje está sendo recriada, com o cadastramento de seus associados e placas afixadas nas carroças, sob a fiscalização do Instituto de Defesa dos Animais, na época, com o apoio do Detran e da Prefeitura Municipal. Huberto Cabral espera que essa retomada pela regularização não seja apenas teórica. “Temos que apoiar e enxergar o trabalho que o carroceiro desempenha. É uma tarefa árdua e de grande importância para a sociedade. É um relevante serviço prestado à população”, considera o jornalista.                      (Jornal do Cariri)

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