Após gerar um saldo positivo de 64 empregos formais em fevereiro deste ano, os números do mercado de trabalho voltaram a ficar negativos em março, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados ontem (20) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Foram 4.675 postos a menos (-0,40%) no terceiro mês do ano. O resultado foi o segundo pior desde 2003, ficando atrás apenas do registrado em igual mês de 2016, quando o mercado de trabalho cearense perdeu 4.701 empregos.
Para o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Ediran Teixeira, o saldo negativo já era esperado, porque o período sazonalmente é de baixa no mercado de trabalho e há ainda o agravante da crise econômica. "Agora nós voltamos para a realidade. Com isso, a gente vê que a crise continua com seus efeitos e isso faz com que as pessoas passem mais tempo a procura de trabalho e que a economia não se aqueça".
Com os números de março, no ano, foram perdidas 11.821 postos, diferença entre 95.620 admissões e 107.441 desligamentos, variação negativa de 1,01%. Em 12 meses, foram 391.909 admissões e 423.792 desligamentos, resultando em um saldo de -31.883 vagas.
Teixeira destaca que o resultado de fevereiro foi reflexo da alta estação, que impulsionou os serviços. "Tivemos um mês de alta estação, mas passados esses efeitos a gente volta à normalidade", explica, acrescentando que os nos meses de abril e maio os números devem continuar negativos. "As reformas que estão passando não são incentivadoras de emprego e os efeitos das contas inativas do FGTS são pífios".
Setores
O número é resultado de 30.701 admissões contra 35.376 desligamentos dentro do período. O saldo negativo foi puxado, majoritariamente, pelo setor da Construção Civil, no qual o número de vagas despencou 1,58% (-1.258), pelo Comércio (-1.447 vagas ou -0,57%) e pelos Serviços, com a perda de 1.022 postos de trabalho em março, queda de 0,21%. A Construção Civil e o setor de Serviços haviam sido responsáveis por impulsionar o saldo positivo de 64 vagas formais em fevereiro com a geração de 1.066 e 972 vagas, respectivamente. O Comércio já havia registrado a baixa de 1.438 vagas no segundo mês do ano.
Além dos três setores, também perderam postos de trabalho a Indústria de Transformação (-548); a Agropecuária (-286); os Serviços Industriais de Utilidade Pública (SIUP), com 235 vagas a menos e a Extrativa Mineral (-54). Apenas a Administração Pública encerrou março com saldo positivo, com 175 vagas geradas, variação positiva de 0,26%.
Interior
Entre os municípios cearenses, o maior saldo positivo foi observado na Caucaia, com 246 postos de trabalho formais, resultado de 1.059 admissões e 813 demissões. Também na Região Metropolitana de Fortaleza, Horizonte encerrou março com saldo de 245 vagas. Outros resultados positivos foram observados em Várzea Alegre (144); Missão Velha (105) e Juazeiro do Norte (83). Em Fortaleza, o saldo foi negativo em -3.393 vagas, resultado de 17.973 admissões contra 21.366 demissões, variação negativa de 0,51%.
Cenário
"As reformas que estão passando não incentivam o emprego. Além disso, os efeito das contas inativas do FGTS são pífios"
Ediran Teixeira
Economista do Dieese                        (Diário do Nordeste)                    Ceará   Principal

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