Semana de Libras da UFCA debate igualdade
de direitos. FOTO: Emanoella Callou
Juazeiro do Norte. A Universidade Federal do Cariri (UFCA) promoveu durante esta segunda e terça-feira a I Semana de Libras, organizada pelo Instituto Interdisciplinar de Sociedade, Cultura e Artes (IISCA), em parceria com a Secretaria de Acessibilidade. O evento contou com palestras, oficinas ministradas por intérpretes e professores de Libras, mesas redondas, abordando temas da Linguística, a profissão do intérprete e a história da comunidade surda.
Na abertura, ocorrida na noite desta segunda-feira, 24, os presentes ressaltaram a importância da aprovação da criação do curso de licenciatura plena em Letras/Libras na UFCA, o primeiro do interior do Estado, e a contribuição que a universidade prestará ao ensino de Libras na formação de professores capacitados a acolher o público surdo nas escolas.
“A comunidade de Libras sonha há 15 anos com uma universidade de portas abertas. E a concretização de um curso específico para a nossa comunidade vai possibilitar que saiam formados cada vez mais profissionais aptos ao ensino da nossa língua e quem sabe, no futuro, a criação de uma escola bilíngue”, ressaltou a coordenadora da Central de Intérpretes de Libras, Cleide Barbosa.
O reitor Pro tempore da UFCA, professor Ricardo Ness, afirmou que o intuito da universidade é somar forças para implantação do curso em breve. O evento contou com a participação de ouvintes e surdos. A mediação entre os participantes foi feita pelos intérpretes da UFCA.
Palestra
A palestra da abertura sobre “Direitos Humanos e Política Surda”, com o professor de Libras Roger Prestes (UFCA), destacou a evolução da história dos surdos no Brasil e apontou que a comunidade surda deve não apenas se conscientizar de seus direitos, mas empoderar-se diante do fazer político no tocante ao cumprimento das leis asseguradas aos surdos. Roger ressaltou também a relação do poder de luta pela igualdade dos direitos, com a busca por espaço e mudança social.
Outro ponto levantado pelo palestrante foi sobre as dificuldades enfrentadas pelos surdos e a conquista de leis específicas, durante a evolução da história do Brasil. “Nós temos três pontos principais a considerar na História. Primeiramente a Revolução Cultural. Há muito tempo, os surdos não estavam integrados à educação, tinham problemas na comunicação de modo geral e havia um isolamento cultural. O segundo ponto veio em 1880, com a proibição da língua de sinais, anteriormente utilizada, o que aprofundou o isolamento cultural. Com isso, os surdos começaram a perder os seus direitos linguísticos. O terceiro ponto foi o despertar em 1960, quando se definiu que os gestos utilizados pelos surdos eram uma língua, marcando o fim do domínio ouvintista sobre os surdos” elencou Roger.
O palestrante também levantou questionamento a respeito da Declaração dos Direitos Humanos, Constituição Federal, as estatísticas sobre a quantidade numerosa da comunidade surda no Brasil e a falta de conscientização governamental sobre o respeito às leis. “A OMS [Organização Mundial de Saúde] apresentou atualmente dados que constam de 370 milhões de surdos no mundo. No Brasil nós temos 9 milhões. As pessoas pensam que existem poucos surdos no meio social, mas é porque eles vivem segregados pelas famílias, pelas instituições de ensino e pelo mercado de trabalho. Na Declaração de Direitos Humanos fala-se que a educação é um direito e também temos direito à liberdade. E o que mais queremos além desses? Queremos os mesmos direitos que uma pessoa não surda tem. Queremos o direito à língua. Nós temos língua. Queremos o direito a políticas direcionadas aos surdos. Queremos igualdade”. 
(Blog Diário Cariri)

Post a Comment