A Universidade Regional do Cariri (URCA) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio) abriram, na manhã desta quarta-feira, o II Seminário de Pesquisa da Área de Proteção Ambiental da Chapada do Araripe (APA – Araripe), no Salão de Atos da Instituição. O evento acontece até o próximo dia 4 de agosto, e contará com a presença de pesquisadores, técnicos e ambientalistas de vários estados brasileiros e estudiosos da Região, além de estudantes da Universidade.

Autoridades municipais, regionais e os principais articuladores para a criação da APA estiveram presentes na abertura, com homenagens para o professor da URCA e ex-chefe do ICMbio, Jackson Antero, o ex-diretor de Combate à Desertificação do Ministério do Meio Ambiente, Francisco Campelo, funcionário do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o presidente da Fundação Araripe Pierre Gervaiseau, um dos grandes articuladores e criadores da APA Araripe.

O Reitor da URCA, Professor Patrício Melo, destacou que a APA é uma unidade de conservação federal, de uso sustentável, o que faz com que o acesso ao uso dos recursos naturais para o processo de desenvolvimento seja permitido. “A lógica da sua existência é produzir desenvolvimento humano e sustentável”, explica.
Sustentabilidade

Dentro do contexto de sustentabilidade, conforme o reitor, existem áreas de conservação e preservação, com espaços para proteção exclusiva, destinados à pesquisa e desenvolvimento econômico sustentável, com uso dos recursos naturais não madeireiros. “A URCA tem a honra de ter sido a proponente dessa unidade, elaborando os primeiros estudos para a proposição, no reitorado da Professora Violeta Arraes”, disse o reitor, ao acrescentar que na sequência veio a adesão dos governos estaduais do Ceará, Piauí e Pernambuco.

O que representou, segundo Patrício Melo, um exercício político muito forte que a universidade empreendeu naquele momento, além de estudo técnico, com equipe da URCA, Fundetec e a Fundação Araripe, que tem à frente o dr. Pierre Gervaiseau. Ele, um dos principais teóricos do planejamento territorial integrado e do próprio conceito de desenvolvimento regional.

Para o Reitor, ao longo de duas décadas a APA tem cumprido o seu papel. Os temores de que a unidade freasse o processo de desenvolvimento não se confirmaram, e o território do Araripe se desenvolveu. Do lado do Ceará, particularmente, mais de que todas as regiões do Ceará, sendo a segunda, perdendo apenas para a região metropolitana de Fortaleza. A identidade local fez diferença no processo de desenvolvimento. “Isso representa um protagonismo significativo”, ressalta o Reitor, ao citar a criação do Geopark Araripe, que consolida a estratégia de educação, conservação e promoção do desenvolvimento regional associada ao turismo.

O chefe da APA Araripe – ICMbio, Paulo Meier, destaca a URCA como a responsável não apenas pela criação, mas pelas possibilidades de se estar tentando construir na região todo um processo, para fazer com que a área seja melhor compreendida. Ele afirma que o modelo de unidade de conservação trazido para o Brasil é francês e a primeira característica dele é possibilitar a permanência das pessoas, com a finalidade de desenvolver um espaço de sustentabilidade. “Esse evento traz um grande conjunto de parceiros, junto com a APA da Chapada do Araripe, juntamente com a universidade”, diz. A maior parte da equipe que integra a comissão de pesquisa é da Universidade Regional do Cariri.

Paulo Meier ressalta a presença de nomes importantes que estiveram presentes durante a abertura dos trabalhos e diz que, nesses 20 anos, está sendo realizado um seminário de pesquisa, e sendo celebrada a data. Em 20 anos, ele salienta uma série de ganhos, com  20 unidades de conservação na região, e  parte desse esforço vem desde a criação da APA. O Governo do Estado está estudando a criação de outra unidade de conservação.

Um dos homenageados, Francisco Campelo, destacou o protagonismo e a importância emblemática de ter uma APA, no campo do desenvolvimento sustentável. Ele disse que a área de proteção vem para mostrar a condição de conservar as florestas. Segundo estudo das Nações Unidas, o uso não madeireiro das florestas está mais presente na caatinga do que na Amazônia, e começou no Araripe, com os trabalhos desenvolvidos com o pequi e babaçu, conforme Campelo.

Programação
A mesa de debates durante a abertura do evento, destacou a temática Unidades de Conservação como Espaços de Pesquisa, com a participação dos conferencistas Ana Elisa de Faria Bacellar Schittini (ICMBio), Daniel Duarte Pereira (INSA), Allysson Pontes Pinheiro (URCA), Sebastião Cavalcante (UFCA). Os trabalhos contaram com mediação do chefe do ICMbio – APA Araripe, Paulo Maier. Na parte da tarde foram realizadas apresentações orais e minicursos, além de exposição de pôsteres, no pátio do curso de Pedagogia, além da feira Cariri Criativo.

Nos dias 3 e 4 serão realizadas as mesas redondas com as temáticas sobre a Ocupação da chapada do Araripe e impactos ambientais; Panorama da pesquisa em Unidade de Conservação e estratégias para conservação; Pesquisa e conservação de fauna na chapada do Araripe, com ênfase para espécies ameaçadas de extinção e Recuperação de áreas degradadas, além da palestra Etnobiologia e as populações invisíveis, com Paulo Maier, fechando o ciclo de debates com conferencistas sobre Produção e uso sustentável da floresta.

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