Com 24 confirmações até o dia 8 de julho deste ano, o número de casos da doença meningocócica (DM) no Ceará em 2017 já é maior que o registrado em 2016, quando 20 pessoas tiveram este tipo da doença, a mais grave dentre as meningites bacterianas. Os dados, contidos no último boletim epidemiológico da doença, divulgados na segunda-feira (7) pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), revelam sete óbitos até o momento, total igual ao do ano passado inteiro.
 
Entre os diversos tipos da doença, o Estado já registra 185 casos confirmados neste ano, uma incidência de 2,6 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. Destes, 80 casos (43,2%) foram de meningites “não especificada”, 55 (29,7%) do tipo viral e 42 (22,7%) bacteriana. No total, 17 pessoas morreram em 2017, segundo o boletim epidemiológico, registrando uma taxa de letalidade de 9,2%. Até julho deste ano, 58 municípios tiveram casos de meningites com óbitos em oito deles. Um surtocomunitário em Parambu, no sertão dos Inhamuns, acometeu quatro pessoas, matando duas delas. Em 2016, a incidência da doença atingiu 76 localidades, com casos fatais em 23 delas.

Potencial de epidemia

A DM no Brasil é considerada endêmica em virtude da sua gravidade e potencial para causar epidemias. A infecção é causada pela bactéria Neisseria meningitidis, podendo rapidamente se tornar fatal. Apesar do aumento de casos em relação a 2016, o cenário ainda não pode ser classificado como surto, segundo explica a coordenadora de Promoção e Proteção a Saúde da Sesa, Daniele Queiroz, com base no instrumento denominado diagrama de controle.
 
“O diagrama distribui casos por um tempo, seja por semana epidemiológica, por mês, se trata de uma linha contínua no ano inteiro e como base nos meses anteriores eu vou colocando o número de casos, ou seja, para cada mês eu tenho uma estimativa. A média que classifica como surto não foi ultrapassada”, explica Daniele.

Quais são os sintomas da doença?

A coordenadora alerta, no entanto, para a necessidade da população estar atenta aos sintomasda doença, entre febre, dor na nuca, vômito em jatos, prostração e manchas na pele, devendo buscar imediatamente o serviço médico de urgência. “Isso é decisivo porque é uma doença que evolui muito rápido. Paciente em 24 horas pode evoluir para óbito”, ressalta.
 
O comportamento epidemiológico do meningocócico, segundo aponta o médico infectologista Robério Leite, sofre uma variação grande ao longo dos anos, sendo um comportamento natural a diferença entre um período e outro. “A meningite meningocócica que mais circula no País é a dotipo C, que pode levar ao desenvolvimento de epidemias e pequenos surtos localizados, que é o mesmo contexto do Ceará”.
 
Embora tenha havido uma redução histórica da incidência das meningites no Estado, as causas que mantém os índices de mortalidade elevados, na avaliação do especialista, podem estar relacionadas ao tempo em que os pacientes chegam ao diagnóstico e início do tratamento, insuficientes para uma redução do quadro.
 
“Acredito que estamos numa situação diferenciada por conta do Programa Nacional de Vacinação, que incorporou ao grupo prioritário os adolescentes, os maiores portadores do meningococo e que levam a bactéria na garganta, podendo transmiti-la mesmo sem desenvolver a doença. Não existe nenhuma forma melhor de prevenção do que a vacinação”, acrescenta.
A cobertura vacinal da vacina meningocócica C em menores de 1 ano, com base em dados parciais, está em 98,50% e 104,13% em maiores de um ano.           (Diário do Nordeste)

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