Curável desde o ano de 1944 e com tratamento eficaz disponível na rede de pública de saúde, chama atenção o fato da Tuberculose pulmonar ainda registrar alta incidência e, sobretudo, mortes. Somente em 2017, o Ceará já soma 1.608 casos confirmados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação Compulsória (Sinan) do Ministério da Saúde, entre os meses de janeiro e julho, sendo que 45 deles evoluíram para óbito. As informações estão na mais recente atualização semanal de doenças de notificação compulsória, divulgado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).

Fortaleza lidera o número de ocorrências e mortes, respectivamente com 777 e 26 casos. Durante todo o ano passado, a doença acometeu 3.009 pessoas, levando à morte 64 delas. No Estado, a tuberculose apresenta-se de forma endêmica e entre os anos de 2011 e 2016 o número de casos se mostrou estável, segundo dados do Boletim Epidemiológico da doença, também da Sesa. Foram diagnosticados 3.653 casos novos em 2011 e 3.341 em 2016.
A grande preocupação, no entanto, diz respeito as taxas de abandono ao tratamento, classificadas como aceitáveis pelo Ministério da Saúde com índices de até 5%, mas que no Estado chega a média de 10%, segundo destaca a coordenadora do Programa Estadual de Combate à Tuberculose, Sheila Santiago. O índice influencia diretamente em outro resultado aquém do esperado: a taxa de cura, que no Estado figura atualmente em cerca de 53% (dados parciais), bem abaixo da meta de 85% estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Vulnerabilidade
Entre os fatores determinantes para o abandono do tratamento, segundo Sheila, está a situação de vulnerabilidade social a que estão expostos boa parte dos doentes. “Essa é uma questão que tem contribuído para o abandono. Geralmente são as pessoas em situação de rua, privadas de liberdade, o que contribui para o aumento de óbitos”, ressalta a coordenadora.
O desafio, segundo destaca, também está em promover um diagnóstico precoce e, assim, realizar um tratamento adequado, evitando ainda mais o registro de óbitos. “A gente observa ainda hoje que os profissionais passam desapercebidos à tosse, o paciente muitas vezes está com tosse há mais de três semanas e aí se pensa em tudo, em gripe, pneumonia, menos na tuberculose. Quando não se descobre a tuberculose o diagnóstico fica tardio, e por ser uma doença infecto contagiosa a consequência é que enquanto esse paciente não está em tratamento fica contaminando outras pessoas e assim essa cadeia de transmissão não para”, alerta.
Tratamento
Ainda conforme a coordenadora, o tratamento dura seis meses, devendo ser realizado de forma regular para se chegar à cura. “Ele é totalmente gratuito, realizado em qualquer unidade básica de saúde do Estado e não estamos com falta de medicamento. Qualquer paciente com tosse há mais de três semanas é recomendado procurar a unidade de saúde mais próxima para avaliação”, orienta Sheila Santiago.
Em média, 165 municípios cearenses confirmaram casos de tuberculose nos últimos três anos e, destes, dois apresentaram incidência acima de 100 casos para 100 mil habitantes. Além de Fortaleza, registram o maior número de casos em 2017 Sobral (69), Maracanaú (57), Caucaia (50) e Juazeiro do Norte (45).        (Diário do Nordeste)

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