O governador Camilo Santana e o deputado José Albuquerque, conjuntamente, são presenças constantes nos vários municípios cearenses. FOTO: JOSÉ LEOMAR |
O governador Camilo Santana (PT) vai
para a disputa de um segundo mandato com o apoio do ex-governador Cid Gomes
(PDT), tendo como candidato a vice-governador um nome da estreita confiança
deste, que é o deputado José Albuquerque (PDT), presidente da Assembleia
Legislativa.
O diretório estadual do PT terá de
homologar a coligação, em meio aos discursos de resistência de alguns petistas,
também pelo fato de a aliança se estender à chapa senatorial encabeçada por
Cid, ao lado de um nome, para a segunda vaga de senador, por certo não tão do
agrado do grupo opositor do ex-governador no partido de Camilo, que, presume-se
ultrapassará esse óbice.
Com o fim da verticalização das
alianças partidárias, as direções estaduais dos partidos passaram a ter o poder
de "adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações
eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito
nacional ...", segundo estabelece a Constituição Federal, no parágrafo 1º
do seu Art. 17. Desse modo, não há impedimento de PT e PDT terem candidaturas
presidenciais próprias e marcharem juntos para disputar o Governo do Estado e
as duas vagas de senador, sem embargos, naturalmente, das outras questões de
cunho paroquial.
Articulação
Quando Cid Gomes anunciou estar
disposto a concorrer a uma das duas vagas de senador, e lançou o nome do
deputado André Figueiredo, presidente do PDT cearense, para a outra, mesmo
sabendo que ele não o é, sinalizou para todos os seus, inclusive o governador
Camilo Santana, que o território já estava demarcado, e o seu companheiro na
disputa ao Senado da República será escolhido só nos momentos finais da
construção da chapa majoritária governista, descartando toda e qualquer
articulação, por acaso existente, como as citadas em meio às especulações
existentes por conta das relações do próprio Camilo com empresários e políticos
de outras agremiações.
André Figueiredo já havia comunicado
a amigos e aos irmãos, Ciro e Cid Gomes, sua disposição de concorrer à
reeleição. Assim, o nome do outro candidato ao Senado será daquele capaz de
agregar valores à campanha governista. E esses valores não são apenas os
eminentemente políticos e eleitorais, descartando, de pronto, qualquer nome do
PT, pois a agremiação já estaria devidamente contemplada com a indicação do
candidato a governador. E não será surpresa se os governistas vierem a votar
para o Senado em Cid e em um nome atualmente integrante da oposição.
Confiança
O deputado José Albuquerque, como
candidato a vice-governador, cumprirá uma missão. Diferentemente do momento de
formação da chapa majoritária governista de 2014, quando ele declinou de
disputar a senatória ou a vice-governança, pois reagiu à escolha de Camilo,
posto esperar ser ele o nome para suceder Cid, tamanho o trabalho feito junto a
prefeitos e outros políticos (ele disputava a mesma posição com Domingos Filho
e Mauro Filho), agora o lugar de vice parece lhe atender.
Albuquerque, além de ser da absoluta
confiança de Ciro e Cid e ter boa relação com Camilo, pela quantidade de
mandatos que já exerceu na Assembleia Legislativa, incluindo seis anos
consecutivos como presidente daquela Casa, por certo quer um outro mandato. O
de deputado federal está descartado. Ele já lançou o filho, Antonio José,
ex-prefeito do Município de Massapê, para disputar uma das 22 vagas da
representação cearense na Câmara Federal. E o cargo de senador, no seu grupo
político, está reservado para as necessárias negociações.
Pressa
Pelas demonstrações de lealdade
expressas por líderes e liderado, não há razões para se admitir ter o próximo
vice de Camilo, se chegarem a vencer a disputa, a missão de tolher os seus
passos políticos futuros, mas o fim de um segundo mandato majoritário de um
aliado, mesmo nele sendo depositada certa confiança, sempre motiva preocupação
aos líderes que o indicaram, posto a ameaça de quebra da continuidade do
comando do Poder. Por isso a necessidade de ter um vice, de certa forma, com
condições de pôr um freio, se necessário for, na afoiteza do titular,
principalmente se ele quer continuar tendo mandato eletivo.
Na oposição, notadamente no campo do
PMDB e do PSDB, o quadro ainda não está claro. Há determinação, da parte das
lideranças dessas agremiações, as com melhores estruturas de disputa de cargos
majoritários, da formação de uma chapa competitiva, admitindo-se, inclusive, a
indicação de nomes de outras agremiações, mas está faltando a conversa
determinante para a concretização do objetivo.
O nome do senador Eunício Oliveira, o
candidato derrotado por Camilo no pleito passado, continua sendo o apontado por
correligionários seus para disputar novamente o Governo. O PSDB cearense,
dependendo da posição da sigla, nacionalmente, votará novamente no Eunício.
Mas o senador não confirmou para o
PSDB que realmente disputará o Governo do Ceará. Aliás, hoje, em Massapê,
cidade da Zona Norte do Estado, onde um encontro político reúne lideranças
dessas duas e outras agremiações, Luiz Pontes, presidente do PSDB, pode fazer
uma cobrança ao próprio senador, no palanque, sobre se ele será ou não
candidato. Os tucanos querem decidir logo essa situação para começar a discutir
os seus nomes que comporão a chapa majoritária, por entender já estar no tempo
de intensificar, com nomes, as ações políticas no Interior do Estado.
Os oposicionistas reconhecem o avanço
de Camilo em praticamente todos os municípios do Estado, com a bandeira de
ações administrativas, fortalecendo politicamente o seu nome, além de aumentar
o número de prefeitos conquistados, não só pela influência do cargo, mas,
também, pelo distanciamento dos adversários, situação bem diferente do mesmo
período anterior da eleição estadual. (Diário do Nordeste) Política
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