A cada dia que passa, as mulheres estão avançando no mercado de trabalho, ocupando funções que antes eram exclusivas dos homens ou criando novas atividades. FOTO: André Costa |
Juazeiro do Norte/Crato. No ano de
1995, a então funcionária de uma pequena loja de calçados, na cidade do Crato,
na região do Cariri, decidiu empreender. O desejo de mudar de vida casou com a
oportunidade que o destino lhe apresentou. "Meu patrão estava vendendo o
ponto com tudo dentro e me ofereceu. Eu não pensei duas vezes e aceitei",
recorda Claudiana Sousa. A loja de 4 metros² ganhou nova roupagem, o mix de
produtos ofertados cresceu e, nos primeiros seis meses sob nova administração,
o faturamento da loja saltou 3.000%.
Naquele
mesmo ano, outra mulher começava a traçar novos caminhos.
"Desafiadores", relembra Helena Pinheiro. Ela abriu um pequeno salão
de beleza na cidade de Juazeiro do Norte. O espaço não continha mais de 8
metros². "Iniciei por necessidade. Busquei algo para trabalhar que me
desse prazer e que me rendesse algum dinheiro, já que eu precisava me
sustentar. Como gostava muito desse mundo da beleza, decidi abrir um pequeno
salão", conta. Há 22 anos, a história das duas caririenses era vista como
exceção em meio ao mercado dominado pelos homens. "Abrir o próprio negócio
era quase exclusividade deles", avalia Claudiana.
Era.
No passado, destacou bem a empresária. Hoje, as mulheres já são maioria. De
acordo com a pesquisa Global Enreperneurship Monitor 2016 coordenada no Brasil
pelo Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae) e pelo
Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBPQ), as brasileiras estão
à frente dos homens na criação de novos negócios. Em 2016, a taxa de
empreendedorismo entre os que têm um negócio com até três anos e meio de
existência ficou em 15,4% entre as mulheres e em 12,6% entre os homens.
"Não
me encaixo na estática por ter o negócio aberto há muitos anos, mas sei o
quanto foi difícil enfrentar obstáculos e vencer os preconceitos. Sei o que
essas novas microempresárias enfrentam para abrir e manter o negócio
aberto", destaca Claudiana Sousa. Hoje a empresária conta com uma loja
matriz de 197m² no centro do Crato, onde emprega 12 mulheres, e outras quatro
filias em cidades do Cariri, totalizando quase 40 funcionários. Para a
empreendedora, "as mulheres estão crescendo nessa estatística não por
acaso, mas por buscarem cada vez mais a independência financeira, por terem
disciplina no negócio e visão apurada de tudo que acontece ao redor".
Adriana
Costa, sim, está inclusa no grupo das mulheres que abriram seu próprio negócio
recentemente. Graduada em Pedagogia e Contabilidade, com especialização nesta
última área, ela passou mais de duas décadas trabalhando no setor privado em
uma única empresa. No ano passado, sua vida mudou. Após o desligamento da
empresa em que atuava no setor financeiro, tocou o projeto de colocar uma loja
de confecção. "Sempre gostei da moda. Me identifico muito com este
segmento e meu objetivo hoje é investir no próprio negócio", conta a
iguatuense.
Já
Helena Pinheiro está inclusa em outra estatística apresentada pela pesquisa da
Global Enreperneurship. No grupo feminino, 48% delas afirmaram ter buscado o
empreendedorismo porque precisaram. No masculino, esse percentual cai para 37%.
Da necessidade, há 22 anos, à referência na maior cidade do Interior cearense.
Hoje, seu salão de beleza é um dos mais conceituados de Juazeiro. Com quase
800m² e 20 funcionárias, a empresária avalia que o sucesso do negócio
"está no estudo diário, visão empreendedora e criativa ".
A
articuladora regional do Sebrae, Tânia Porto, vê como positiva o crescimento
feminino nos novos negócios. Ela acredita que esse retrato é o resultado do
emponderamento das mulheres e avalia que, com o tempo, crescerá também o numero
das que estão à frente de negócios estabelecidos há mais tempo, como são os
casos de Helena e Claudiana.
Cariri
Nas
duas principais cidades do Cariri, embora o número de mulheres ainda não
superem os homens na criação de novos negócios, a diferença percentual entre os
dois grupos teve vertiginosa queda. Conforme dados do Sebrae, extraídos no
início deste mês, as mulheres representam 48,2% dos novos negócios abertos em
Crato. Na cidade de Juazeiro do Norte, de 46,3%.
A
composição da abertura de novas empresas divide-se em 11 categorias. Em seis
delas, as mulheres são maioria em Juazeiro e Crato. Serviços domésticos,
cabeleireiros ou tratamento de beleza, comércio varejista de vestiário e
acessórios e bufê estão entres estes segmentos. Para Tânia, é natural que ocorra
maior presença feminina em dados segmentos. "As mulheres podem se
concentrar no espaço onde há mais facilidade para elas".
(Diário do Nordeste)
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