18ª Romaria da Santa Cruz do Deserto no Caldeirão acontecerá no próximo domingo. FOTO: Dário Lopes |
Próximo
domingo, dia 17 de setembro, os movimentos sociais da diocese de Crato realizarão
a 18ª Romaria da Santa Cruz do Deserto no Caldeirão do Beato José Lourenço. O
evento traz como tema “Cultivar e guardar a natureza” (Gn 2,15) e terá inicio
às 7h com a acolhida, seguida da missa às 8h presidida por dom Gilberto Pastana
e, às 10h, apresentações culturais.
Como gesto concreto os participantes
plantarão árvores testemunhando a necessidade de cultivo da criação.
Lei a reflexão que o padre Vileci
Basílio Vidal, coordenador diocesano de Pastoral, fez sobre este momento:
18ª Romaria da Santa Cruz do Deserto no
Caldeirão
Tema: “Cultivar e guardar a natureza”
(Gn 2,15)
Deus ao criar o homem colocou-o no
paraíso e lhe deu pleno puderes para cultivar e guardar a natureza. Esse é um
dos primeiros textos que fala de sustentabilidade na bíblia e que ilumina as
comunidades de base a construir diferentes formas de organização da produção
familiar não gerada diretamente pelo capital, mas pela matriz da racionalidade
ambiental nas unidades camponesas, na construção de um novo modelo de produção
camponesa de desenvolvimento local e sustentável, assim como foi o Caldeirão da
Santa Cruz do Deserto liderado pelo beato José Lourenço, onde se consolida uma
proposta do bem viver e do bem conviver.
O bem viver é um sistema de vida
viável que contrapõe ao capitalismo, ou seja, é um sistema alternativo ao
modelo capitalista. A proposta do bem viver e bem conviver prima por viver em
comunidade, viver em harmonia com as pessoas e com a natureza, compartilhando e
trabalhando.
Desta forma, o Caldeirão vai se
reafirmando em todo o território do Cariri com a ajuda dos movimentos sociais
na luta pela convivência com o semiárido. Pois, o Caldeirão é compreendido como
o lugar que deu fim a miséria dos flagelados da seca de 1932, onde meninos e
idosos podiam circular sem medo e onde a fartura alimentava o corpo e a alma,
fazendo prosperar o bem viver e bem conviver, convertendo os famintos em
fartos. Tudo isso faz acreditar que esta terra é sagrada: lá mataram os
símbolos de resistência, mas a Santa Cruz do Deserto ainda continua de pé em
frente a capela.
E as CEBs da diocese de Crato
celebram sempre em setembro no Caldeirão, o dia da Santa Cruz que no calendário
da Igreja é no dia 14. A romaria da Santa Cruz do Deserto alimenta a esperança
de que o Caldeirão não morreu e nem morrerá porque há muita resistência no
sertão. A história do Caldeirão abre caminhos para um desenvolvimento local e
sustentável que ajuda a cultivar e guardar a criação como dom de Deus.
Caldeirão deve ser reconhecido em breve como Geossítio e área de preservação
ambiental permanente.
Pe. Vileci Basílio Vidal
Coordenador diocesano de pastoral Cariri Principal
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