Osmar Baquit (PSD) é um dos defensores de que secretários que são pretensos candidatos deixem os cargos no Governo até dezembro. FOTO: Fabiane de Paula |
Preocupados
com o avanço de alguns secretários estaduais em suas bases eleitorais,
deputados aliados do governador Camilo Santana (PT) na Assembleia querem que os
gestores, pretensos candidatos ao pleito do próximo ano, sejam exonerados dos
cargos até dezembro próximo. O assunto foi colocado em pauta na semana passada,
em almoço da base governista, e deve ser levado até o chefe do Poder Executivo
pelo líder do Governo na Casa, Evandro Leitão (PDT).
Parlamentares
governistas estão insatisfeitos com algumas atitudes de secretários da atual
gestão, bem como em relação a gestores da Prefeitura de Fortaleza que, segundo
disseram ao Diário do Nordeste, estão realizando ações em municípios do
Interior sem a participação devida dos deputados. Na gestão de Cid Gomes, o
então governador exonerava seus auxiliares até um ano antes do pleito
eleitoral, e é justamente isso que querem agora os governistas.
Os
parlamentares demonstram preocupação com a "desvantagem" em relação a
gestores estaduais, visto que estes detêm as prerrogativas para realizar ações
como construção de equipamentos e melhorias para determinadas comunidades. Além
disso, os governistas também reclamam da falta de atenção dada por alguns
gestores do Governo Camilo, que não estariam atendendo às demandas
parlamentares.
Dois
nomes de secretários foram citados por deputados como prováveis candidatos a
uma das 46 vagas no Legislativo Estadual. São eles: o secretário do Trabalho e
Desenvolvimento Social (STDS), Josbertini Clementino, filiado ao PDT; e o
secretário de Desenvolvimento Agrário (SDA), Dedé Teixeira, do PT.
Nicole
Barbosa, secretária do Desenvolvimento Econômico do Estado e presidente do
PSC Ceará, é apontada como pré-candidata a deputada federal.
O nome do
secretário de Segurança Pública e Defesa Social, André Costa, também chegou a
ser sondado para ocupar um dos assentos na Assembleia, mas ele nega. O
secretário de Educação, Ildivan Alencar, também é apontado como possível
candidato ao pleito do próximo ano. Outro cotado como candidato é Fernando
Santana, secretário-adjunto do gabinete do governador.
Exoneração
Osmar
Baquit (PSD) é um dos principais defensores de que os secretários que pretendem
ser candidatos deixem os cargos até dezembro. "O que queremos é que não
haja desequilíbrio no pleito. Sei que é uma decisão que cabe ao governador
Camilo, mas não sugeri em tom de crítica".
Segundo
ele, "a prática dos secretários não ajuda a desequilibrar o jogo", o
que é defendido, inclusive, pela maioria dos governistas que se sentem
prejudicados com a ação dos gestores. Alguns governistas chamaram de
"desleal" o conjunto de ações e defenderam a exoneração dos secretários
até dezembro.
"Se
eu disser que sou contra, vão dizer que estou legislando em causa própria,
porque voltando os secretários, eu saio", ironizou Manoel Santana (PT),
suplente na vaga de Dedé Teixeira. No entanto, ele destacou que a celeuma faz
parte da disputa de espaços políticos, visto que, para alguns, os secretários
estão se fortalecendo para a disputa. "Mas o que garante que de fora eles
não vão manter influência nas secretarias?", questionou.
Para
Carlos Felipe (PCdoB), que também defende a exoneração dos secretários, na
gestão é "muito difícil" não politizar uma secretaria, o que termina
por comprometer a efetividade das pastas. "O ideal, para não se ter
prejuízos para a população, é que o secretário renuncie e vá ser candidato até
um ano antes do pleito", sustentou.
Prefeitura
Alguns
parlamentares dizem, ainda, que mais grave seria a participação de secretários
da gestão do prefeito Roberto Cláudio (PDT), de Fortaleza, em ações de
municípios com os quais não têm qualquer vínculo. "O prefeito deveria
fazer o mesmo que Cid Gomes fez, para assim evitar qualquer comprometimento dos
serviços da Prefeitura, porque é desigual", disse um dos deputados
governistas.
Para
José Sarto (PDT), é natural o interesse de secretários em disputar um cargo
eletivo, mas ele opinou que há um limite a ser norteado pela ética. "Em
termos de gestão, o secretário que quer ser candidato deveria sair pouco antes
de abril. Acho que até por prudência, para o secretário se ausentar antes do
que diz a Lei, até para que as secretarias possam fluir normalmente, e tenham
como prioridade a gestão e não a política", defendeu. (Diário do Nordeste) Política
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