Granja teve a maior incidência de raios no Ceará. FOTO: Wellington Macedo |
A
quadra chuvosa no Ceará está distante, no entanto, o Grupo de Eletricidade
Atmosférica (Elat), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)
divulgou valores mais precisos da incidência de raios no Estado e no País. O
valor médio anual no Brasil foi de 77,8 milhões por ano, superior a 2002, que
apontava cerca de 55 milhões de raios. No ranking nacional, o Ceará ocupa a 19ª
posição com 2,6 raios por quilômetro quadrado no ano e a região Norte concentra
a maior densidade da descarga atmosférica.
Granja,
Chaval, Martinópole, Uruoca, Moraújo, Forquilha, Barroquinha, Viçosa do Ceará,
Camocim e Frecheirinha, são, respectivamente, os mais atingidos por raios no
Ceará. Em Granja, que fica cerca de 300Km da capital, Fortaleza, a densidade
chega a 9,63 raios por quilômetro quadrado, número bem acima da média estadual.
Explicação
A
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) explica que a
região Norte do Estado possui uma maior incidência em relação às demais regiões
porque é uma das mais chuvosas. Como os raios estão associados a nuvens mais
desenvolvidas, eles, geralmente, surgem relacionados às precipitações. No
Ceará, a incidência é influenciada pela Zona de Convergência Intertropical
(ZCIT), principalmente, durante a quadra chuvosa (fevereiro a maio). Neste
caso, as nuvens mais desenvolvidas atuam na região Norte por um período maior.
No
Brasil, os novos dados apontam que 2012 registrou o número máximo de raios, 94,3
milhões em todo período analisado, de 2000 a 2015. Isso se justifica pelo
efeito dos fenômeno La Niña ocorrido naquele ano. No entanto, o Elat registrou
uma diminuição nos anos seguintes. Porém, em 2015, o número de descargas
elétricas atmosféricas voltou a subir para 68,6 milhões.
Em
média, cerca de 300 pessoas são atingidas por raios todo ano e cerca de 100
pessoas morrem em decorrência disso no Brasil. De 2000 a 2014 aconteceram 1.792
mortes. O número, embora tenha reduzido nos últimos anos, em parte devido à
redução de raios, ainda é muito alto comparado a países desenvolvidos. A cada
50 mortes no mundo, uma acontece no País. No Ceará, em abril deste ano, duas
pessoas morreram e 20 ficaram feridas atingidas enquanto tomavam banho de
açude, em Russas.
Cuidados
A
Enel Distribuição Ceará orienta a população que o local mais seguro durante as
tempestades é dentro de casa de alvenaria, mas que evite contato com aparelhos
eletrônicos ligados à rede externa de eletricidade, pois um raio pode atingi-la
e propagar a descarga. "A pessoa pode utilizar celular e notebook desde
que não esteja conectado a rede", explica Eduardo Gomes, gerente de
operação e manutenção da empresa.
Do
lado de fora de casa, o cuidado tem que ser ainda maior. A pessoa tem que
evitar tocar em grades de ferro, portões de alumínio e cercas, que conduzem
eletricidade. Eduardo Gomes também recomenda não tomar banho de açude, mar ou
piscina e evitar se abrigar sob árvores. "As pessoas costumam se abrigar
em árvores isoladas, mas, quando o raio chega na altura da planta, normalmente
ela será melhor condutora de energia que o ar", completa. (Diário do Nordeste)
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