A
oposição ao governador Camilo Santana na Assembleia segue em crise e sem
perspectiva de retomar algum protagonismo no Legislativo Estadual. Cada vez
mais diminuta, a bancada continua enfrentando dificuldades para manter a
unidade e os pronunciamentos de seus membros não têm sido reverberados durante
as discussões que acontecem no Plenário 13 de Maio.
Os
parlamentares de oposição concordam que falta mais entrosamento entre eles, mas
não sabem como isso pode mudar, até porque muitos dos que eram opositores passaram
a se aliar ao Governo. A deputada Silvana Oliveira (PMDB), que outrora fez coro
para os oposicionistas, disse que a bancada quase não existe na Assembleia,
visto sua diminuição após apropriação por parte do Executivo.
Segundo
ela, isso se atribui principalmente ao bom desempenho da economia e de algumas
áreas da gestão, como Saúde e Educação. "Isso desestimulou vários
deputados de oposição que passaram a se aliar ao Governo", destacou a
deputada.
Roberto
Mesquita (PSD) afirmou não saber como será o comportamento de seus pares até o
fim do ano, mas deixou claro que vai permanecer como opositor à gestão petista
na Assembleia. Ele ressaltou que há um "relaxamento" do papel do
opositor, influenciado pela perda de bons quadros, como o peemedebista Audic Mota,
hoje primeiro-secretário da Assembleia. "Nós vemos uma aproximação do
senador Eunício Oliveira do grupo dos Ferreira Gomes, a quem ele fazia ferrenha
oposição, e isso é como se jogar um balde de água fria nas ações da
oposição".
Fernanda
Pessoa (PR), por outro lado, explicou que tem percebido uma diminuição das
ações dos oposicionistas, mas disse que isso se deve ao fato de o ano eleitoral
estar se aproximando, o que faz com que parlamentares se desloquem até suas
bases, tendo reflexos, inclusive, no esvaziamento das sessões. "Não
estamos tendo uma unidade na oposição, porque cada qual está fazendo seu
discurso e não há mais entrosamento", disse.
Preocupadas
Ela
lembrou, por exemplo, que nem mesmo os encontros que eram realizados pela
oposição às terças-feiras estão acontecendo. Nessas reuniões, os deputados de
oposição alinhavam os discursos e pautavam assuntos a serem levados à tribuna.
"As pessoas estão muito preocupadas com suas bases e isso tem feito com
que a unidade da oposição tenha ficado menor".
Para
Renato Roseno (PSOL), o debate não está ocorrendo porque a base governista está
se desvencilhando das discussões, preferindo ficar calada quando algum tema
polêmico é apontado pelos opositores. "A estratégia parece que é passar os
assuntos sem discussão", considerou. Segundo o socialista, está havendo no
Ceará "um grande acordo de armistício para permitir que tudo fique como
antes. Agora, entre outubro de 2017 e 2018, muita coisa vai acontecer".
Capitão
Wagner (PR) chegou a tentar liderar um bloco composto somente por opositores,
mas, ao que tudo indica, até mesmo essa bancada, formada apenas por cinco
parlamentares, não está coesa na Casa. Segundo o republicano, o Governo do
Estado tem obtido êxito na cooptação de parlamentares opositores, visto que
falta ao bloco direcionamento, o que tem dificultado a situação deles.
"A
oposição precisa de direcionamento urgentemente. Sou um dos integrantes, mas
sozinho não tenho como articular todos os partidos. Não tenho a condição que o
Governo tem de oferecer qualquer benefício imediato, e com isso temos
dificuldades", disse ele, acreditando que em 2018 isso possa mudar.
Máquina
Leonardo
Araújo (PMDB), que também tem reduzido sua atuação como opositor na Casa,
afirmou que "as benesses do Poder esvaziaram grande da oposição". O
parlamentar disse ter votado a favor das contas do governador Camilo Santana
neste mês, por exemplo, pois havia feito análise técnica e, apesar de discordar
das prioridades, os dados declarados estavam regulares. "No PMDB, éramos
seis deputados e hoje somos dois, porque quatro partiram para o Governo. Isso
prova o uso da máquina e como ser Governo é bom".
Para
Heitor Férrer, do PSB, a crise na oposição no atual cenário pode mudar nos
próximos meses, visto que ele acredita que a gestão de Camilo Santana, apesar
do tamanho de sua base, ainda não mostrou a que veio. (Diário do Nordeste) Política
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