Mesmo sem um número positivo no trimestre, a indústria cearense conseguiu cair menos, segundo apontam os dados do PIB apresentados ontem. FOTO: JOSÉ LEOMAR |
Após uma série de oito quedas
trimestrais consecutivas, considerando a comparação com mesmo período do ano
anterior, o Produto Interno Bruto (PIB) cearense do segundo trimestre deste ano
voltou a registrar crescimento após dois anos, com a variação positiva de
2,17%. O percentual está bem acima da média registrada pelo País, de 0,3%, e é
um indicativo de que o Estado já pode ter deixado para trás o período de
recessão.
Os dados foram divulgados na manhã de
ontem (12) pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).
Na avaliação do diretor geral da instituição, Flávio Ataliba, os resultados
positivos tanto na comparação com o trimestre anterior (1,33%), quanto com o
mesmo período de 2016, sinalizam que o Estado pode já ter alcançado um novo
período de expansão econômica - a ser confirmada a partir dos próximos
resultados trimestrais.
"Se considerar só os últimos
dois meses do trimestre, maio e junho, já é bem significativa a mudança. A
gente observa variações tanto na produção industrial como nas vendas do varejo
de maio e junho melhores que o observado em abril, o que já confirma essa
trajetória de melhora tanto na produção como nas vendas", complementa
Alexsander Cavalcante, analista de Políticas Públicas do Ipece.
Levando em conta a variação do PIB
acumulada no ano, de 0,77%, e a expectativa de melhora dos índices
macroeconômicos nos próximos trimestres, Ataliba avalia que resultado do ano
deve ficar entre 0,8%, numa perspectiva mais pessimista, e 1%, numa visão mais
otimista do cenário atual do Estado. "De qualquer forma, acima da média
nacional", aponta o diretor, destacando que o Estado sairá da crise antes
que o País.
Agropecuária
O resultado do segundo trimestre foi
puxado principalmente pelo setor agropecuário, que registrou um crescimento de
41,26% comparado ao mesmo período do ano passado. O efeito já era esperado em
razão das chuvas do início do ano sobre a colheita, realizada no período do
segundo trimestre, além de ter uma base de comparação pequena - o quarto ano
consecutivo de seca em 2016 afetou muito a produção. "Para se ter uma
ideia, o crescimento da produção de grãos, no caso, o feijão, triplicou. Na
produção de milho, quadruplicou. Em relação às frutas, o que observamos em
grande parte delas foi que o crescimento alcançou mais de 20%, em especial
banana, mamão, melancia... Tudo isso chamou bastante atenção e foi o que gerou
maior impacto no índice", explica o analista Alexsander Cavalcante sobre a
expansão da produção cearense.
Serviços
Correspondente a 75,6% da geração de
riquezas no Estado, o setor de serviços apresentou um leve avanço de 0,13%,
superior ao verificado na média do País (-0,3%). O segmento foi puxado pela
atividade comercial, que teve um avanço de 1,09% no período ante o segundo
trimestre do ano passado, além outros serviços (1,23%), intermediação
financeira (0,13%) e administração pública 0,07%).
Indústria
Já a indústria cearense, ainda que
não tenha alcançado um resultado positivo, caiu menos. O recuo foi de 0,17% no
segundo trimestre de 2017 ante mesmo período do ano passado, enquanto a queda
de janeiro a março havia sido de 1,28%.
Impactada pela Companhia Siderúrgica
do Pecém (CSP), a indústria da transformação registrou avanço de 7,01% no
período, enquanto a extrativa mineral caiu 21,06% e a construção civil, 7,7%.
Recuperação
Com uma maior movimentação da
economia no terceiro trimestre do ano, os especialistas do Ipece têm a
expectativa que, no próximo índice trimestral, seja confirmada a saída do
Estado do processo recessivo. "O que vai reforçar o quadro de melhora é o
resultado do terceiro trimestre. Esse sim, vai consolidar a afirmação de que a
economia cearense enfim está saindo desse quadro recessivo", explica
Cavalcante.
O analista explica que o aumento do
nível de emprego, que é esperado para o período, eleve a renda dos consumidores
e reaqueça o mercado.
"A indústria vai começar a
contratar mais pessoas nesse período justamente para atender a demanda de fim
de ano e isso vai gerar um aumento de renda que vai impactar os demais setores,
em especial o de serviços, que reage muito à essa questão", destaca
Cavalcante.
(Diário do Nordeste)
Principal
Principal
Postar um comentário