Prevalência de casos de hanseníase
volta a subir no Ceará.
FOTO: Talita Rocha
A taxa de prevalência dos casos de hanseníase no Ceará voltou a subir no ano passado após três anos consecutivos de queda. O valor leva em consideração a quantidade de pessoas diagnosticadas com a doença e que ainda não receberam alta no sistema de saúde. Os dados foram divulgados no último dia 5 em boletim da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).
Em 2015, a taxa de pessoas com a doença era de 1,5 caso para cada 10 mil habitantes. No ano passado, o valor cresceu para 2,5 casos a cada 10 mil habitantes. Os dados também apontam uma queda no número de detecção da doença no Estado, o que não quer dizer, necessariamente, que existe um controle dos casos.
Isso porque outros indicadores apontam que a doença ainda assume contornos de endemia. Um deles é a quantidade de pessoas com menos de 15 anos com a doença. A situação mostra que os casos não estão controlados e que ainda existem pessoas sem tratamento transmitindo o bacilo da hanseníase. Em 2016, a taxa de detecção nesse grupo foi de 4,2 casos a cada 100 mil habitantes. O valor é considerado alto pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“A redução dos casos novos ainda tem razão operacional e não epidemiológica”, indica Gerlânia Martins, articuladora do programa de hanseníase da Sesa. Na avaliação dela, a rede ainda não está totalmente estruturada para detectar os casos e acompanhar pessoas que tiveram contato com recém-diagnosticados. Em 2016, 1.701 novos casos foram detectados.
O parâmetro da OMS é de que 80% da rede esteja apta para detectar casos. No Ceará, 74% está preparada. “A gente saiu, em 2014, de 54% da rede para esse valor, mas ainda não é o ideal”, diz Gerlânia. “Precisamos qualificar profissionais e conscientizá-los na detecção da hanseníase precoce, ainda na rede básica”, sugere.
Preconceito
O estigma em torno da hanseníase ainda dificulta a detecção dos casos. Os profissionais orientam que a população busque um posto de saúde ao sinal de qualquer dos sintomas que, na maioria dos casos, se apresentam com manchas brancas ou avermelhadas pelo corpo, com falta de sensibilidade ao toque.
“A pessoa começa com a perda de sensibilidade de temperatura, do tato e da dor”, explica a dermatologista Genúcia Matos, professora de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC).
A busca por informação e condições de vida mais favoráveis pode impactar positivamente na endemia. “Ainda somos um País que precisa de condições sociais melhoradas para que as pessoas busquem melhores condições de saúde e tenham menos preconceito”, aponta.
Números

1.701 casos de hanseníase foram diagnosticados no Ceará em 2016               (O Povo)

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