A reunião debateu o pagamento das dívidas com
comerciantes de Cabrobó e Salgueiro (PE).
FOTO: Antonio Rodrigues
Juazeiro do Norte. Nesta segunda-feira (16), representantes do Ministério da Integração Nacional se reuniram com a construtora mineira Mendes Júnior Trading S.A, que executou parte da obra da Transposição do Rio São Francisco. O encontro aconteceu em um hotel, em Juazeiro do Norte, com objetivo de resolver o problema das dívidas com os credores de Salgueiro e Cabrobó (PE). 

Em setembro do ano passado, a empresa demonstrou interesse em transferir os contratos sob sua responsabilidade e deixou dívidas com comerciantes nos dois municípios, onde atuava na execução do Lote 1, do Eixo Norte.

As dívidas são com fornecedores de alimentos, aluguel de veículos, hospedagem (hotéis e pousadas), entre outros serviços contratados pela Mendes Júnior. Isso gerou uma série de atos dos comerciantes, que cobram o pagamento pelos trabalhos prestados: corte de mangueira das comportas, furtos de equipamentos, depredação das instalações do canteiros de obras e paralisação do trânsito. O grupo cobra cerca de R$ 24 milhões.

De acordo com o secretário de Infraestrutura Hídrica do Ministério da Integração Nacional, Antônio Pádua de Andrade, o Ministério também é vítima, mas está avaliando no sentido de buscar uma solução para os problemas dos credores. “Nós pagamos na época todas as medições e ela (a empresa) não honrou com seus fornecedores. Não dá pra saber o número exato da dívida, porque tem possíveis multas por quebra de cláusula contratuais”, explica o secretário.

“Há uma insegurança, uma instabilidade. Houve um impacto no cronograma da obra, atrapalhou a mobilização de 24 horas e nós sabemos da importância dessa obra: 4 milhões de pessoas esperam essa água. Isso pode atrasar a chegada da água”, completa Antônio Pádua, lembrando que, após a saída da Mendes Júnior, o Projeto de Integração do São Francisco sofreu um atraso de mais 120 dias para iniciar o contrato com a outra empresa que assumiu o trecho da obra.

Mas o secretário prega o otimismo e acredita que, mesmo com os problemas, as águas chegarão no Ceará nos primeiros meses de 2018, já que o Projeto de Interação do Rio São Francisco não tem problemas financeiros e o recurso está garantido. “Estamos para priorizar o caminho da água para chegar em Fortaleza. Nós temos uma demanda e uma orientação do ministro Helder Barbalho, é um compromisso com o Brasil, com o Nordeste. O mesmo empenho que levou água para Campina Grande, vamos tentar para não deixar Fortaleza colapsar”, completa Antônio Pádua.

Solução
O Ministério da Integração apontou algumas saídas que foram debatidas na reunião para solucionar as dívidas com os credores. “Estamos vendo a situação de possíveis créditos da Mendes Júnior que possam ser repassados para os credores e, também, materiais de posse da empresa para fazer uma negociação com a atual construtora, o Consórcio Emsa, para que esses valores sejam repassados para os pequenos empresários prejudicados. Essa é nossa situação para amenizar o sofrimento deles”, aponta o secretário Antônio Pádua.

Segundo o gerente da Mendes Júnior, Rony Silva Moura, o objetivo da reunião é discutir uma saída para os problemas com os credores e acelerar a obra da Transposição do Rio São Francisco. “A gente quer buscar uma solução para diminuir o sofrimento das pessoas e viabilizar, junto ao Ministério da Integração, para que a água chegue o mais breve possível. A gente tá tentando correr atrás para encontrar uma solução”, conta.

Na última quarta-feira (11), foi entregue a bomba da comporta do reservatório Tucutu, em Cabrobó, que havia sido furtada na segunda-feira (9). O equipamento foi reinstalado pelas equipes do Ministério da Integração Nacional e as águas do Rio São Francisco voltaram a percorrer as estruturas do Eixo Norte, após a reabertura das comportas.

O trecho
As etapas que estavam sob a responsabilidade da Mendes Jr. fazem parte do primeiro trecho do Eixo Norte. São 140 quilômetros de extensão e compreende a captação do rio São Francisco, em Cabrobó (PE), até o reservatório Jati, em Jati (CE). No mês de setembro de 2016, a Mendes Júnior Trading S.A. demonstrou ao Ministério da Integração o interesse em transferir os contratos sob sua responsabilidade para outra empresa diante do comprometimento da sua capacidade técnica gerada por dificuldades na obtenção de créditos.

Lava Jato

Antes disso, em abril do ano passado, a Controladoria-Geral da União (CGU) declarou a Mendes Júnior Trading e Engenharia S/A inidônea para contratar com a Administração Pública. Ou seja, a construtora passou a ficar proibida de celebrar novos contratos por, pelo menos, dois anos. A decisão foi a primeira penalidade aplicada em uma das empresas envolvidas na Operação Lava Jato.                 (Blog Diário Cariri)

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