Os
estudos para instalação de uma planta de dessalinização de água marinha para a
Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) estarão aptos a serem realizados até a
próxima terça-feira (7). A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) recebeu
no dia 9 de outubro as propostas de manifestação de interesse de dois
consórcios, liderados pelas empresas GS Inima Brasil e Acciona Agua S/A. A
estatal confirmou ontem que o prazo para a conclusão da análise das proposições
é 30 dias. Assim, até terça-feira a Cagece deve informar qual dos dois
consórcios irá elaborar os estudos ou se os dois terão permissão para realizá-los.
Após
a autorização pela companhia, a empresa ou as empresas, por meio do regime de
Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), terão até 150 dias para
desenvolver e apresentar os estudos. Dessa forma, se o cronograma for seguido à
risca, os documentos relacionados à planta estarão prontos até o início de
abril de 2018.
Concluídos
os estudos, o governo poderá lançar um outro edital, dessa vez para convocar
empresas interessadas em investir na construção da usina de dessalinização.
A
Cagece só irá remunerar as empresas pelos estudos que forem utilizados pela
companhia. No caso de os dois consórcios serem escolhidos para a elaboração dos
documentos, a estatal poderá fazer uso de alguns estudos de um determinado
consórcio e outros documentos de outro consórcio.
Risco
"Pode
ser que a Cagece acredite que o nosso estudo seja completo e remunere apenas a
nossa empresa. Entendemos que queremos correr o risco (de elaborar os
documentos e não ter remuneração) por entendemos que somos a empresa mais
qualificada para isso", diz a executiva de novos negócios da Acciona Agua
no Brasil, Virginia Sodré.
A
respeito dos estudos que a empresa pretende elaborar, a executiva diz que eles
vão começar "primeiro com a avaliação da qualidade de água, para
conhecermos melhor a qualidade dessa água do mar e como podemos captar uma água
de melhor qualidade, a depender da profundidade. Também inclui investigar as
correntes marítimas, a presença de águas ou não na região, como o agente vai
fazer a captação, com custo de captação e de operação mais otimizados".
Redução
do investimento
Os
estudos também irão incluir, entre diversos outros aspectos, "quais serão
os custos da obra civil e de todo esse sistema, os custo de operação, e como a
gente consegue reduzir o investimento inicial e reduzir o custo de energia a
ser consumido pela planta de dessalinização", explica a executiva. Além
disso, vamos estar estudando todos os impactos ambientais, o descarte da
salmoura no meio ambiente", acrescenta ela.
A
respeito do custo da água dessalinizada para o cearense, Virginia Sodré afirma
que ainda é "imaturo falar qualquer valor". A executiva afirma que a
Acciona, caso realize os estudos, irá trazer sua "experiência nacional e
internacional para fazer uma planta bem otimizada". A empresa possui mais
de 80 plantas de dessalinização, em 33 países.
"Nós
enxergamos que a dessalinização tem crescido muito, é uma matriz fundamental.
Várias regiões do mundo no que tem densidade hídrica baixa tem optado por
isso", acrescenta. "A dessalinização é como o seguro de saúde: você
não entra nele quando está com a doença. Ela está sendo provida para reduzir a
vulnerabilidade relacionada à água", afirma.
Crise
hídrica
A
instalação de uma planta de dessalinização de água para consumo humano na
Região Metropolitana de Fortaleza visa o incremento de água para o sistema
integrado de abastecimento, diante das dificuldades hídricas pelas quais o
Estado vem passando nos últimos cinco anos.
Segundo
o governo do Estado, o novo sistema vai gerar inicialmente 1m³ de água
dessalinizada por segundo. Isso significa um incremento de 12% na oferta de
água da RMF, beneficiando cerca de 720 mil pessoas.
Custo
O
governo estima que a planta irá demandar um investimento da ordem de R$ 500
milhões e só deve operar a partir de 2020. Um valor mais preciso do aporte a
ser feito surgirá após a conclusão dos estudos sobre a planta.
Também
é uma incógnita quanto irá custar a água após ela ser dessalinizada. Fontes
ouvidas pelo Diário do Nordeste afirma que a usina envolve o investimento inicial
e o custo de manutenção, considerados fixos, além do gastos necessários para a
operação do empreendimento, que seriam variáveis. Todos esses valores devem
acarretar em um acréscimo, ainda sem estimativa de valores, no que será pago na
conta de água do consumidor.
O
custo de operação da planta seria variável porque ela deve entrar em atividade
apenas em momentos de seca.
(Diário do Nordeste)
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