Algodão branco e colorido no Campo Experimental da
Embrapa Algodão em Barbalha. FOTO: Fábio Aquino
Resgatar a cultura do algodão entre os agricultores cearenses e contribuir com o sustento das famílias agricultoras estão entre os objetivos do projeto Ouro Branco, do curso de Agronomia da Universidade Federal do Cariri (UFCA). A iniciativa, coordenada pelo professor Sebastião Cavalcante de Sousa, faz parte do Programa de Desenvolvimento Rural Sustentável do Cariri, vinculado à Pró-reitoria de Extensão (PROEX).

A intenção é promover seminários para os agricultores, em parceria com as prefeituras, a fim de mostrar as possibilidades da cotonicultura no Ceará. Além disso, de acordo com Sebastião, será feito o cadastro dos interessados em receber sementes para iniciar o cultivo. O primeiro encontro, chamado de I Seminário de Resgate do Plantio de Algodão, ocorrerá na próxima terça-feira, dia 28, em Várzea Alegre.

A ideia do projeto, de acordo com Sebastião Sousa, surgiu a partir da iniciativa da Embrapa Algodão, que já atua na revitalização da cotonicultura entre os agricultores. Além disso, o algodão tem características que se adaptam facilmente às condições climáticas e de solo do Ceará. “As chuvas no nosso Estado são irregulares. O algodão suporta a irregularidade das chuvas e o solo seco e salino”, explicou. 

O professor ressalta também a importância histórica e cultural do algodão para o Estado. “O Ceará, até 1985, foi o segundo maior produtor de algodão do Brasil, perdendo apenas para São Paulo. Com a praga do ‘bicudo’, os agricultores ficaram abandonados”, disse. O incentivo ao plantio do algodão, portanto, seria uma forma de resgatar uma prática que fez parte da cultura dos agricultores cearenses por tanto tempo. 

O projeto, além de manter parcerias com as prefeituras interessadas, Embrapa e Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), também conta com a atuação de quatro estudantes do curso de Agronomia. Uma delas, a estudante Aline Lorrayne Ferreira de Melo, do 7º semestre, acredita que a iniciativa é uma maneira de ir além dos conteúdos aprendidos em sala de aula. “A gente estuda muito, mas nem sempre sai para ter experiência com o agricultor. Eu aprendi muito conversando com eles”, disse. 

Os estudantes também têm a possibilidade de receber, pela Embrapa, o nivelamento em Manejo de Solo, Manejo de Pragas, Manejo Cultural e Manejo pós-colheita, para ficarem habilitados a ministrar palestras aos agricultores. 

Histórico das atividades

O projeto Ouro Branco iniciou em 2016 e contou inicialmente com conversas com as prefeituras de Várzea Alegre, Icó, Iguatu, Acopiara e Altaneira. Este ano, foram feitas visitas técnicas a uma área de algodão plantado em Iguatu na Embrapa e à Usina da família Rufino em Acopiara. O projeto também participou da ExpoIguatu, despertando interesse dos agricultores do entorno. Além disso, a Embrapa doou para o Ouro Branco 25 kg de sementes da variedade BRSAroeira, resistente à seca, que renderam a plantação de 1 hectare e meio de algodão. 

“Plantamos no espaço de dois agricultores em Várzea Alegre. As sementes dessa plantação vão servir para plantar outros 200 hectares”, destacou o professor Sebastião. 

Benefício para agricultores


De acordo com Sebastião, a intenção é que os agricultores participantes do projeto possam vender todo o algodão produzido para a usina. “Eles podem faturar, em média, R$ 6 mil reais em um hectare plantado, utilizando mão de obra familiar”, frisou. Chegando à usina, todo o algodão é aproveitado, da pluma à semente. A estudante Aline Lorrayne explicou que a pluma tem diversos usos em hospitais, clínicas estéticas, em casa e também na fabricação de tecidos. Já a semente pode ser utilizada para fazer ração animal e extrair o óleo.

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