Trave foi improvisada no quintal da escola para as crianças
jogarem bola enquanto construção da quadra segue abandonada.
Reivindicação da população da localidade, a quadra fica na
sede do distrito de Monte Alverne, no Município do Crato, e
atenderia a várias comunidades rurais. FOTO: Antonio Rodrigues
Crato. Orçada em meio milhão de reais, a construção de uma quadra poliesportiva coberta no distrito de Monte Alverne está paralisada há mais de dois anos. Com recurso do governo federal, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a obra está a 42,95% da sua conclusão. Hoje, nas arquibancadas, o mato toma conta e, nos vestiários, o teto e as paredes apresentam infiltrações.

Reivindicação da população, a quadra fica na sede do distrito, e atenderia a várias comunidades. Monte Alverne possui cerca de 2.382 habitantes, segundo o censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Iniciada no dia 17 de junho de 2013, a obra tinha prazo de conclusão em 150 dias.

De acordo com o Sistema Integrado do Ministério da Educação (Simec), R$ 212.361,76 já foram pagos. Uma nova licitação foi feita em agosto do ano passado, com conclusão do equipamento prevista para novembro, mas não foi retomada.

Segundo Alfredo Alencar, diretor técnico da NRG construções, empresa que realizou a obra até 2015, o atraso, no início, aconteceu por problemas na desapropriação e na troca de gestão, mas depois que começaram, perceberam que era necessário um aditivo para fazer um aterramento, criar uma plataforma, para não deixar nenhuma inclinação. Sem acordo, foi feito o distrato amigável. "Se a nova gestão quisesse, eu terminaria a obra sem nenhum problema, porque foi a primeira construção na cidade que não foi concluída por nós. Com cerca de R$ 258 mil eu termino. Isso se colocar no papel o aditivo de prazo. Mas a nova administração não me procurou", explica Alfredo.

Outro problema é que família do antigo dono do terreno cobra na Justiça o valor restante da indenização. Até agora, eles receberam R$ 27.920, que só foram pagos depois que conseguiram o auxílio de advogado. "Um preço muito baixo. Gastei muito com passagem, indo à Prefeitura, reclamando. Quando pagaram, foi só uma parte", conta Maria Teles, herdeira do terreno.

Segundo ela, ainda faltam cerca de 20% para serem pagos. "Iniciaram a obra sem pagar. Entraram ali quase à força. Disseram que iam chamar a Polícia. Começaram a construir sem a gente resolver nada", conta. Ela reconhece que a quadra terminada serviria muito para a comunidade, que possui duas escolas, uma de Educação Infantil e outra de Ensino Fundamental. "Quando precisa fazer Educação Física, tem que ir para o campo de terra, que fica longe", diz.

O agricultor Fagner dos Santos, 26, afirma que hoje a Educação Física nas escolas é praticada no salão de festas de Monte Alverne, alugado mensalmente. Para ele, a quadra, iria atrair crianças para praticar atividades físicas adequadas.

Segundo a Secretaria Municipal de Educação, o projeto foi retomado. Já foi realizado o diagnóstico da atual situação, o replanilhamento físico e financeiro e o desbloqueio do valor restante do recurso junto ao FNDE. A obra será reiniciada neste mês.

O processo licitatório, iniciado em agosto de 2017, que culminou no fim do ano, teve como vencedora do certame a empresa Flap Construções e Empreendimento, com valor de R$ 483.349,20. O Município arcará com recursos próprios, pois o valor, aprovado em 2011, sofreu alteração. A demora no processo licitatório aconteceu porque todas as primeiras propostas foram desclassificadas, atrasando o cronograma. Já sobre a família dos antigos donos do terreno, a Secretaria foi informada que a gestão anterior procedeu com a desapropriação e o depósito, que ocorreram em juízo.           (Diário do Nordeste)

1 Comentários

  1. Infelizmente nada para os jovens carentes da periferia, falta uma simples bola /
    Esse vídeo retrata essa triste realidade https://youtu.be/S3XoPbTKfFE

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