A ideia faz parte de um conjunto de medidas que o setor vem debatendo para aproximar as práticas brasileiras das internacionais.FOTO: MARCOS SANTOS |
Fortaleza/Rio. O setor de
cartões de crédito e o Banco Central estão discutindo - ainda em fase inicial -
a criação de um novo sistema que deve substituir a modalidade "parcelado
sem juros" dos cartões de crédito. Com a medida, o prazo para o
recebimento do pagamento pelos lojistas seria reduzido de 30 para 5 dias. A
proposta faz parte de um conjunto de medidas que o setor vem debatendo desde o
fim do ano retrasado com o intuito de reduzir custos e ampliar o uso do meio de
pagamento, além de aproximar as práticas brasileiras das práticas
internacionais.
A
ideia é oferecer ao consumidor uma espécie de crediário pessoal para o
parcelamento da compra com base em um limite concedido pelo banco emissor e que
poderia ser usado em qualquer estabelecimento. O cliente ficaria a par das
despesas com juros e das prestações no ato da compra, com as informações
exibidas no visor da maquineta.
A
ideia de um crediário pessoal no lugar do parcelado sem juros, que apesar das
taxas embutidas, já é um método amplamente conhecido e praticado no comércio em
todo o País, deve enfrentar forte resistência de consumidores e lojistas que
podem ver a iniciativa como burocrática. Para o presidente do Sindicato do
Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas), Cid Alves, a mudança
pode dificultar a relação entre consumidores e o comércio.
"Qualquer
instrumento que dificulte a relação entre as pessoas que produzem bens ou
serviços para o País é nocivo. Em um momento de retomada da economia
brasileira, uma notícia como esta pode dificultar muito essa relação",
avalia Cid Alves.
Debate
Ele
acredita ainda que, se a medida for de fato implementada, o ideal é que haja,
antes, ampla discussão com as entidades que representam o comércio. "Se
for feita essa mudança, a forma como se relacionam conosco (bancos e cartões) e
com consumidores, que seja algo bem gradual, depois de passadas todas as crises
e depois de o assunto se discutido com todas as confederações. Se eles querem
fazer como na Europa e América do Norte, que sejam praticadas também taxas mais
baixas, porque as daqui são absurdas", destaca ainda o presidente do
Sindilojas.
Competitividade
Já
considerando a complexidade da proposta, a ideia do setor de cartões junto ao
Banco Central é que a medida seja acompanhada por taxas e prazos atraentes. O presidente
do Sindilojas ressalta ainda que Departamentos de Defesa do Consumidor devem
participar do debate sobre o assunto. "Isso altera um sistema que a gente
usa desde 1994, então isso remete a uma situação que dificulta a relação com o
consumidor".
Débito
Neste
mês, o presidente do banco Central, Ilan Goldfajn, disse que já está sendo
discutida a redução no custo das operações com cartões de débito para ampliar o
uso do sistema e diminuir a quantidade de dinheiro em espécie que circula no
País, o que resultaria na economia com a fabricação de cédulas e moedas, além
de elevar o controle sobre a circulação de recursos, coibindo atividades
ilícitas.
Agenda
BC+
A
redução do custo das operações usando o cartão de débito faz parte da Agenda
BC+, preparada pela instituição financeira com metas de longo prazo. O
movimento do Banco Central, apoiado pelo setor de cartões de crédito e, nesse
caso, pelo varejo, estaria em sintonia com uma tendência global. Isso porque
outros países têm discutido a redução do uso de papel moeda para combater a
lavagem de dinheiro e o pagamento de propinas a funcionários públicos. (Diário do Nordeste)
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