Ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun. FOTO: Alex Ferreira - Câmara dos Deputados |
As
articulações em torno da reforma da Previdência devem se intensificar nos próximos
dias à medida que alguns líderes partidários estão voltando do período de
férias e se aproxima a data da votação da matéria no plenário da Câmara. A
notícia do rebaixamento da nota de investimento do Brasil reacendeu o debate e
deve reforçar os argumentos da equipe favorável à reforma.
Com
o recesso do Congresso Nacional até fevereiro, quando está previsto o início do
debate da reforma no plenário da Câmara, muitos parlamentares estão se
movimentando em seus estados para angariar os votos necessários para aprovar a
proposta. A estratégia envolve encontro com governadores, prefeitos e outras
autoridades locais com o objetivo de aproximar o debate da reforma das bases
eleitorais dos deputados.
Em
Brasília, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, tem se reunido
desde o início do ano com vários parlamentares para definir as próximas
estratégias de articulação em busca dos votos para aprovar a reforma.
Responsável pela articulação política do governo, Marun disse à Agência Brasil
que a reforma da Previdência “está em todos os diálogos” da agenda da equipe de
governo e o clima em torno da reforma tem melhorado e se tornado mais
“favorável”.
Por
se tratar de uma emenda constitucional, são necessários pelo menos 308 votos
favoráveis entre os 513 deputados para ser aprovada, em dois turnos. Desde o
fim do ano passado, os principais articuladores da base governista tem evitado
comentar o número atual de votos já conquistados em prol das mudanças na
Previdência. Segundo líderes governistas, a contabilidade dos votos deve ser
fechada com mais precisão no início de fevereiro, quando as lideranças já
estarão em contato mais direto com as bancadas.
Grau
de investimento
Na
visão dos líderes governistas, a redução da nota de crédito do Brasil por uma
agência internacional de classificação de risco gerou um “impacto preliminar”
na motivação dos parlamentares. “Isso melhora na narrativa para nós que
defendemos [a aprovação da reforma”, disse o líder da maioria na Câmara, Lelo
Coimbra (PMDB-ES), que completa: “agora é torcer pra gente reunir a tropa, né?
Não é tropa de choque, é tropa de convencimento”.
O
presidente Rodrigo Maia também acredita que a avaliação negativa do país pode
contribuir para convencer os parlamentares. Já para o ministro Marun, a notícia
do rebaixamento do grau de investimento do Brasil ajuda na conscientização da
sociedade e consequentemente dos parlamentares, mas “a notícia em si não vai
trazer votos”.
“A
consciência de que nós temos que reformar a Previdência já é consolidada. Claro
que eu vejo a notícia do rebaixamento como ruim, porque não deixa de corroborar
o que nós estamos afirmando: que o Brasil precisa reformar sua Previdência pra
ter a perspectiva de um futuro de menos incerteza e de mínima prosperidade”,
disse Marun.
O
ministro disse que esta semana ainda não deve ter nenhuma grande reunião em
Brasília sobre o assunto, pois ele e outros articuladores, como o presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), estarão fora da capital.
Marun
foi convidado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para
participar de um evento na terça-feira (16), na capital paulista, para falar
sobre a situação macroeconômica do Brasil. O evento é organizado por um grupo
de profissionais favoráveis às mudanças na legislação previdenciária e deve
contar com a participação de vários líderes governistas.
Rodrigo
Maia embarcou neste sábado (13) para os Estados Unidos, onde tem extensa agenda
marcada com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António
Guterrez, empresários e parlamentares norte-americanos. Maia viajou com outros
quatro deputados e voltará para o Brasil na sexta-feira (19). (Agência Brasil)
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