O óleo de pequi se destaca entre os produtos mais procurados nas ruas pelos romeiros que visitam Juazeiro do Norte. FOTO: Antonio Rodrigues |
Juazeiro
do Norte. A
primeira coisa que José Rodrigues de Melo, o Zé do Remédio, faz, ao pisar no
neste Município, é pedir a bênção ao Padre Cícero, aos pés da estátua. Depois
de percorrer 470Km, de Garanhuns (PE) até o Cariri cearense, a rotina do
vendedor, há 30 anos, começa de madrugada, para que, às 4h, sua banca já esteja
funcionando. Óleos de pequi, copaíba, mamona, dendê e o bálsamo colorem a tábua
de madeira que ocupa a calçada da Rua São José. Mas os produtos também são
vendidos em outros pontos da cidade.
Durante
os cinco dias da Romaria de Nossa Senhora das Candeias, que vai até o dia 2 de
fevereiro, José Rodrigues pretende vender 100 garrafas de óleo de pequi.
"Se não levar a imagem do Padre Cícero, o óleo de pequi e o bálsamo, não
veio a Juazeiro", garante. O medicamento popular, feito do fruto local
serviria para aliviar inflamações na garganta, gastrite e sinusite.
Seu
conterrâneo, José Luciano de Lima, conhecido como Índio, ocupa o chão da Praça
Beata Maria de Araújo, com muitas plantas, raízes e sementes, usadas como para
diversos chás. Mas o principal produto é garrafada, que reúne 31 ervas
medicinais. "De tudo sai. A maioria das ervas eu tiro da selva. Mas compro
daqui e revendo, como o óleo de pequi. Outra parte trago do Piauí, Pará,
Amazonas, Maranhão. Hoje, acompanho umas 30 romarias. Cinco de Juazeiro. Eu só
vivo pelo mundo. Para o cara não roubar, não matar, nem pintar, nem bordar, tem
que trabalhar", brinca.
Para
algumas pessoas, as ervas funcionam muito bem, como acredita o vendedor Amauri
Juvenal do Santos. "Eu estava daquele jeito, me torcendo, com dor de
barriga. Índio começou a pisar no pilão umas raízes e desse pisado, fez um chá.
Agora melhorei. Estou novo". A romeira Maria das Graças Leite, aposentada,
transporta as ervinhas dentro da garrafa de água e bebe durante os passeios.
"É bom para o estômago, porque sofro de gastrite", explica.
Mas
o Zé do Remédio confessa que o óleo do pequi, que ele mesmo produz no meio da
rua e comercializa, não cura os problemas das pessoas, porque não é
"puro". "Vamos dizer a verdade, não é tanto o óleo. É a fé que
eles têm. Só isso e mais nada".
O
coordenador de Vigilância Sanitária de Juazeiro do Norte, Assilon Freitas,
explica que legislação coíbe as vendas que tenham um teor farmacêutico,
apreendendo os produtos. Caso seja vendido como medicamento, ele tem que ser
registrado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No entanto,
os caseiros, como os chás, podem ser comercializados. Durante as romarias, o
órgão fiscaliza, mas, também recomenda que pessoas não comprem os produtos sem
informação correta, registro, número de lote e data de validade. (Diário do Nordeste)
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