Moradores de Assaré, após explosão de agência local do BB, estavam usando a unidade de Santana do Cariri, que foi explodida no sábado. FOTO: Antonio Rodrigues |
O
cenário se repete todo ano: homens fortemente armados, explosivos e até troca
de tiros com policiais. Só em 2017, 65 ataques a bancos foram registrados no
Ceará. Apesar de representar uma diminuição, já que, no ano anterior, foram 78,
muitas agências não voltaram a funcionar ou têm indicativo de que isso possa
acontecer. Os prédios se mantêm danificados e a população tem que se deslocar
para as cidades vizinhas.
São
os casos dos moradores Assaré, Nova Olinda e Potengi, que estavam se deslocando
até Santana do Cariri, antes do ataque do último sábado. Algumas clientes já
percorriam os cerca de 90 km da terra de Patativa até o Crato que atende a
demanda. Agora, esta será uma das poucas opções junto com Campos Sales, para
receber usuários dos quatro municípios afetados que, somados, somam uma
população de cerca de 65 mil habitantes.
Em
Assaré, o Banco do Brasil está desativado desde o último dia 11 de junho. No
entanto, ele funciona parcialmente com alguns serviços burocráticos, mas sem
realizar saques ou depósitos. Pela manhã, os funcionários entregam até 30
senhas para o atendimento da população por dia. A partir das 13 horas, o
serviço é realizado. "Toda parte burocrática está funcionando", conta
uma funcionária.
A
agência do Bradesco, na mesma cidade, funciona só até o meio dia, diminuindo
muito os atendimentos. Além de Assaré, as populações de Antonina do Norte,
Saboeiro, Salitre e Tarrafas foram afetadas pela ausência dos saques e
depósitos. "A situação ficou complicada, tanto para a gente, como para os
aposentados. O saque tem dois pontos improvisados, mas quando a demanda é
grande muita gente se desloca", explica a professora Francisca Valdelice
Moura.
Já
o empresário Normando Mota viu seu comércio ser afetado diretamente pela
diminuição da circulação de moeda em Assaré. "A maioria do comércio
depende hoje das aposentadorias. O aposentado tirava aqui e aqui mesmo o
dinheiro circulava. Hoje, tem que viajar, a Crato, Juazeiro, Campos Sales para
retirar. Por lá mesmo o dinheiro fica".
No
dia último dia 14 de novembro, representantes do Sindicato dos Bancários do
Ceará se reuniram com o novo Superintendente do Banco do Brasil no Ceará,
Amauri Aguiar, para debater sobre as agências explodidas e seu atual
funcionamento. A entidade exigiu a reabertura imediata das unidades que estão
sem atender ou atendem parcialmente. Em todo o Estado, 35 agências estão nessa
condição.
Alvo de
ações
De
acordo com o Banco do Brasil, no Ceará foram mais de 70 ocorrências nos últimos
dois anos em suas unidades. Para serem reativadas, as dependências afetadas
passam por análise técnica e patrimonial "de ordens estratégica e
econômico-financeira, para subsidiar decisão sobre a continuidade ou não do
funcionamento", disse em nota.
No
Ceará, as análises dessas unidades resultaram no encerramento das agências de
Saboeiro e Pedra Branca. As dependências que ainda não voltaram a funcionar e
que tiverem suas manutenções aprovadas, o processo de recomposição está em
andamento, com diferentes prazos, considerando as obras e intervenções. No
entanto, a estatal não especificou em quais municípios terão esta recomposição.
Enquete
Qual o
prejuízo causado?
"A
gente tem que ir nas cidades vizinhas para buscar o benefício. Quem tem
comércio vive mais em função da renda dos aposentados. Nas cidades menores, a
gente sabe que a renda é muito pequena"
Francisco
da Silva Oliveira
Aposentado
Aposentado
Primeiramente,
temos que nos deslocar até a cidade vizinha para sacar ou fazer pagamentos. Em
segundo lugar, o movimento do comércio caiu cerca de 80% por causa desses
problemas causados pelas explosões"
Cristina
Ferreira
Empresária (Diário do Nordeste)
Empresária (Diário do Nordeste)
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