A
escalada dos preços da energia elétrica e da gasolina, acima da inflação, tem
corroído o orçamento das famílias brasileiras, apesar do aumento da massa
salarial. De janeiro de 2015 para cá, o porcentual de renda disponível - depois
do pagamento de despesas essenciais - caiu quase dois pontos porcentuais, de
45,6% para 43,76%. É o menor patamar desde 2009. Isso significa que o
brasileiro poderia estar consumindo, a mais, algo em torno de R$ 14,5 bilhões.
Levantamento
da Tendências Consultoria Integrada mostra que a despesa que mais avançou sobre
o orçamento do brasileiro foi a gasolina, que subiu de 4,86% para 5,6% no
período. O resultado é reflexo especialmente da nova política de preços da
Petrobrás, que agora repassa de forma imediata o sobe e desce do petróleo no
mercado internacional.
De
meados do ano passado até o início deste ano, o preço do combustível na bomba
subiu 19,5%. Em janeiro de 2015, o litro da gasolina era vendido a um preço
médio de R$ 3,032 no País; neste mês, o valor está em R$ 4,219, segundo a
Agência Nacional de Petróleo (ANP).
A
conta de luz seguiu a mesma trajetória. O peso na renda das famílias subiu de
2,94% para 3,44%. O agravante é que até o fim do ano a participação no
orçamento vai aumentar ainda mais, segundo projeções da Tendências: deve subir
para 3,89%. A explicação está nas estimativas da Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel), que prevê reajuste médio acima de 10% nas contas neste ano.
Em alguns casos, a alta deve superar a casa dos 20% por causa da entrada em
operação de usinas térmicas para compensar os reservatórios baixos das
hidrelétricas.
O
orçamento das famílias, segundo a Tendências, só não está mais apertado porque
o arrefecimento dos preços dos alimentos tem compensado parte do aumento da
conta de luz, da gasolina, do gás de cozinha, dos planos de saúde e da
educação. Além disso, a renda do trabalho voltou a crescer em 2017 e continua
ascendente, diz a analista da Tendências, Isabela Tavares.
Freio
para a retomada
Na
prática, a queda dos porcentuais representa um freio para a retomada da
economia. O ritmo do avanço do consumo poderia estar maior, diz o economista
Adriano Pitoli, sócio da Tendências.
Ele
destaca que, para ajustar os aumentos à renda, o brasileiro acaba reduzindo o
consumo de bens e serviços considerados supérfluos, como vestuário e bens
duráveis. Em fevereiro, as vendas do varejo caíram 0,2% - o pior resultado para
o mês desde 2015 -, e um sinal de que a recuperação será mais lenta do que se
esperava.
Em
três anos, o peso de quase todos os itens essenciais aumentou no orçamento das
famílias. As exceções foram alimentos, cuja participação caiu de 16,15% para
15,8%, e telecomunicações, de 4,20% para 3,64%. As informações são do
jornal O Estado de S. Paulo.
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