A
Zona de Convergência Intertropical (Zcit), banda de nuvens que circunda a faixa
equatorial do globo terrestre e é o principal indutor de chuvas no Estado,
começou a se afastar da costa cearense, conforme a Fundação Cearense de Meteorologia
e Recursos Hídricos (Funceme). O distanciamento será responsável pela
diminuição do volume de precipitações na segunda quinzena de maio, embora ainda
sejam possíveis ocorrências trazidas por instabilidades pela proximidade dela
com o Estado.
De
acordo com o supervisor da Unidade de Tempo e Clima da Funceme, Raul Fritz,
alterações em condições meteorológicas e oceânicas do Atlântico, como a
temperatura da superfície do mar, levam ao afastamento da Zcit nessa época do
ano. "Pelo menos, até 27 de maio, eventos de chuva podem sim ocorrer ao
longo do Estado, mas devem ser esporádicos e eventuais, principalmente na
metade superior do Ceará", diz.
Um
sistema complementar à Zcit e que deve começar a atuar no Estado já antes do
fim de semana é o Cavado de Altos Níveis (CAN). "Ele atua no primeiro
semestre do ano e pode trazer chuvas. É um sistema temporário, mas que já
ajuda", analisa Raul Fritz. Sem a influência mais forte da Zona de
Convergência, o Ceará dependerá, nos próximos meses, de instabilidades do leste
da região Nordeste.
Segundo
dados preliminares do Calendário das Chuvas do Ceará, os primeiros 15 dias de
maio deste ano registram 42,4 mm de volume acumulado. A média histórica para o
mês é de 90,6mm. Nos últimos quatro anos, esse valor não foi superado: 2014
teve 85,1mm; 2015, 37,7mm; 2016, 47,4mm e, 2017, 69,4mm. Já maio de 2013 teve
1,8% de desvio positivo, ao registrar 92,2mm de chuvas.
A
Climatempo Meteorologia confirma o afastamento da Zcit da costa e a diminuição
da influência do fenômeno. Haverá bastante sol e chuva passageira no Estado,
nos próximos dias, "mas a chuva que ocorrer já não será volumosa e nem
generalizada sobre o Estado. As condições de chuva para junho tendem a diminuir
ainda mais, como é comum neste mês", afirma a meteorologista Josélia
Pegorim.
As
ocorrências em todo o Nordeste serão moderadas até 21 de maio, com maior
incidência na costa leste do continente. Entre o Ceará e o Maranhão, os volumes
previstos de chuva podem variar de 20mm a 50mm, principalmente no litoral e no Norte
do Estado. No Centro-Sul, as chuvas ficam entre 2mm e 20 mm.
La Niña
Apontado
como influência positiva para as chuvas no Ceará, o fenômeno La Niña chegou ao
fim no Oceano Pacífico, conforme o último boletim da Agência Americana de
Meteorologia e Oceanografia (NOAA), divulgado em 10 de maio. Contudo, para o
meteorologista Raul Fritz, mesmo se a La Niña continuasse, não teria tanta
influência para as precipitações no Estado, uma vez que "a Zcit vai embora
independente dela porque depende do Atlântico".
Entre
maio e julho, há 40% de probabilidade de chuvas abaixo da média no leste e no
norte da Região Nordeste, conforme prognóstico da Previsão Climática Sazonal,
elaborada pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Para a categoria dentro da
média, a porcentagem é de 35% e, acima, 25%.
A
diminuição da frequência das chuvas a partir de agora, para a meteorologista
Graziella Gonçalves, da Somar Meteorologia, põe em risco o nível dos reservatórios
estaduais. Atualmente, os 155 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos
Recursos Hídricos (Cogerh) contabilizam 17,1% do volume total. Em todo o
Estado, 18 reservatórios estão sangrando, e 28 têm mais de 90% da capacidade.
Contudo, 83 têm menos de 30%. O Castanhão está com 8,7% da capacidade total.
(Diário do Nordeste)
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