No
pequeno povoado de Matarandiba, no município de Vera Cruz (llha de Itaparica,
na Bahia), um mistério tem despertado a atenção dos moradores. No meio de uma
área de mata fechada, uma cratera de mais de 40 metros de profundidade e 69
metros de largura e 29 metros de área da superfície, apareceu do nada, deixando
todos intrigados.
O
buraco fica em um terreno da indústria Dow Química tem direito de lavra, em
que é explorada água de salmoura, com altíssima concentração de sal. A empresa
identificou a alteração no dia 30 de maio e fez uma proteção com fita plástica
e cartazes para tentar evitar que os moradores se aproximem. Um segurança
também fica no local explicando à população do risco de queda.
O
problema é que a cratera, que fica a cerca de um quilômetro do povoado, tem se
tornado um ponto de visitação dos moradores. Famílias se arriscam e vão até ao
buraco para ver o fenômeno natural, como se estivessem num passeio qualquer de
fim de semana.
O
povoado é habitado em sua maioria por marisqueiros, pescadores e caçadores.
Gente de pouca condição financeira e pouca instrução formal.
O
diretor de manutenção e operação da Dow Química na Bahia, Marcelo Braga,
acredita inicialmente que o motivo da abertura do buraco seja um processo de
erosão do solo. Há risco de a depressão aumentar, já que o processo de
acomodação do solo pode não ter encerrado ainda. O medo dos representantes da
indústria é que alguém se aproxime e sofra um acidente fatal, já que a terra
pode voltar a ceder a qualquer momento.
“A
nossa maior preocupação é que essa erosão é exposta e a gente não tem como
impedir que as pessoas cheguem próximo. Tem o risco de as pessoas caírem. Não
temos legalmente como impedir o acesso das pessoas. Primeiro que não está numa
área privada nossa, e segundo a gente não tem o poder de polícia. A gente pediu
para o Inema para fazer o processo de isolamento físico, mas para isso é todo
um processo”, disse Braga sobre a área que é de tutela do Inema.
Os
fiscais do órgão foram até o local para fazer uma vistoria, mas ainda não
concluíram o relatório da análise.
A
Dow Química diz que o buraco fica numa área onde a exploração de salmoura já
cessou e acredita que a cratera tenha surgido mesmo de um processo natural. O
poço mais próximo do local fica a 200 m, mas o mesmo está fechado há 32
anos.
A
empresa destaca que tem conversado com a comunidade para prestar os devidos
esclarecimentos e comunicar sobre as providências e estudos que estão sendo
feitos no local para descobrir a causa do fenômeno e prevenir possíveis
acidentes.
O
geofísico Marcos Botelho, da Universidade Federal da Bahia, foi chamado para
estudar os movimentos geomecânicos que podem ter dado origem ao buraco. Além
disso, foi contratado um serviço de imagens por satélite e colocação de
sismógrafos que identificam qualquer alteração no relevo derivada de movimentos
do solo.
A
empresa afirma ainda que além de comunicar o fato ao Instituto de Meio Ambiente
e Recurso Hídricos (Inema) e à comunidade, também informou a abertura da
cratera à Prefeitura Municipal de Vera Cruz, à Agência Nacional de Mineração e
à Secretaria da Casa Civil. (Portal Correio 24 horas)
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