Ao desembarcar em Juazeiro do Norte nesta sexta-feira, dia 08 de
junho, o bispo diocesano de Crato, dom Gilberto Pastana, trouxe na mala muita
esperança.
Durante toda esta semana, ele esteve em Roma, acompanhado do
padre Cícero José da Silva, reitor da Basílica Nossa Senhora das Dores. Na
cidade italiana, viveu cinco dias intensos, de visitas e encontros, sendo o
maior deles com o Papa Francisco. A audiência aconteceu na quarta- feira, 06.
Esse foi o segundo contato de dom Pastana com o Santo Padre. O primeiro foi na
Jornada Mundial da Juventude, realizada no Rio de Janeiro, em 2013.
Na pauta da viagem, estavam as causas da menina Benigna Cardoso
e do Padre Cícero Romão Batista.
A oportunidade também rendeu visita a Congregações e ao padre
José Máximo Ramalho de Farias, sacerdote diocesano, que está em Roma para
continuação dos estudos.
Nesta reportagem especial, você pode conferir detalhes da
viagem, que além de resplandecer a unidade da Igreja, traz esperança aos
devotos da menina Benigna e do “Padim” Cícero Romão.
Pergunta: Qual o
objetivo da ida do senhor a Roma?
Dom Pastana: Quando
somos bispos novos em uma diocese temos que ter conhecimento de todo o contexto
em que ela está inserida. Ao chegar a diocese de Crato, tive contato, mais de
perto, com a grande religiosidade presente na vida do povo desta região, em
especial no que se refere ao Padre Cícero Romão Batista e a menina Benigna
Cardoso. Então essa visita a Roma, onde estivemos na Congregação para Doutrina
da Fé, Congregação para o Clero e também na Congregação para os Institutos de
Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica foi muito importante para
vermos como está o andamento das causas que já estavam lá e também qual a
orientação que os prefeitos dessas Congregações dão a nossa diocese, na pessoa
do seu bispo. Também visitei o padre José Máximo Ramalho de Farias, que estuda
teologia bíblica, na universidade Gregoriana. Juntos celebramos a Eucaristia na
Paróquia do Sagrado Coração, onde ele ajuda como vigário paroquial.
Pergunta: Como foi, para o senhor, o encontro com o Papa Francisco?
Dom Gilberto: Para
mim esse encontro, realizado durante a audiência da quarta-feira, foi como
sempre, emocionante e muito importante, sobretudo na qualidade de bispo. Esse
foi o primeiro contato da minha parte para agradecê-lo e me apresentar como
bispo do Crato. Eu já o tinha encontrado, durante a Jornada Mundial da
Juventude, em 2013, aqui no Brasil, na qualidade de bispo da diocese de
Imperatriz- MA, de tal modo que esse é o meu segundo encontro com o Papa
Francisco.
Pergunta: O que o
senhor falou para ele?
Dom Pastana: Como
um dos assuntos que nós fomos tratar na Congregação para Doutrina da Fé era a
questão do processo do Padre Cícero Romão Batista, então aproveitei a
oportunidade para agradecer a transferência que ele fez de minha pessoa para a
diocese de Crato e dizer que essa diocese é a diocese que acolheu o Padre
Cícero. Ofereci a ele uma lembrança: uma garrafa com o formato do Padre Cícero.
Falei também sobre a importância do Padre Cícero não só para diocese de Crato,
mas para a Igreja em todo o Nordeste. Pedi para ele que olhasse e abençoasse
essa evangelização, abençoasse o trabalho deixado pelo Padre Cícero e que a
gente pudesse descobrir e encontrar cada vez mais possibilidades e meios de, na
Doutrina da Fé, tentar a reabilitação do Padre Cícero para que se inicie,
futuramente, o processo de beatificação desse grande sacerdote do Nordeste.
Pergunta: Como o
Papa reagiu?
Dom Pastana: O
papa é uma pessoa impulsionada pelo Espírito de Deus. Escutou atentamente e
respondeu com um largo sorriso, conforme expressa o registro fotográfico.
Pergunta: E com relação a causa da Serva de Deus Benigna Cardoso?
Dom Pastana: Nos
encontramos com o postulador da causa e dele recebemos a positio (conjunto de
documentos utilizados no processo) da nossa futura Beata Benigna Cardoso.
Trouxemos conosco oito volumes dos estudos que já foram concluídos. Agora, em
outubro próximo, se Deus quiser, o pedido da beatificação da menina Benigna
entrará na pauta para análise da comissão dos teólogos. Entrando na pauta em
outubro, quando a comissão dos teólogos fará sua reunião, e aprovando-a, quem
sabe no próximo ano ela entra também na pauta dos bispos e, depois, segue para
a decisão do Santo Padre, o Papa.
Pergunta: E quais
foram as orientações para causa do Padre Cícero?
Dom Pastana: O
cardeal dom João Braz de Aviz nos orientou para que a gente motive mais estudos
sobre as qualidades humanas, pastorais e espirituais do Padre Cícero. Eu me
recordo de que uma das grandes devoções do Padre Cícero é o Sagrado Coração de
Jesus, então quem sabe, um dos nossos padres ou algum teólogo, possa fazer uma
tese doutoral trabalhando essa temática. A gente precisa dá mais visibilidade,
também no mundo acadêmico eclesial, dessas virtudes humanas e espirituais do
Padre Cícero, ou seja, precisamos publicar mais coisas dele no sentido
acadêmico, teológico, eclesial e também espiritual.
Pergunta: Então o que pode ser feito e o que o Roma espera a
partir dessa ação?
Resposta: Penso
que devemos fazer com que os estudantes se apaixonam mais por essa temática e
por essa realidade. É preciso refletir mais, do ponto de vista teológico, as
qualidades que o Padre Cícero deixou como testemunho espiritual. Nesse sentido,
Roma também espera que a gente vivencie muito mais. O, agora nomeado cardeal,
dom Luis Francisco Ladaria Ferrer, que é o prefeito para Congregação da
Doutrina da Fé, dizia: “vamos cada vez mais acentuar, vamos rezar, vamos
ministrar os sacramentos, vamos acolher bem os romeiros, vamos fortificar cada
vez mais essa fé e vamos também fazer esse tipo de publicação, esse tipo de
escrito que divulgue mais a vida do Padre Cícero”.
Pergunta: Vocês
entregaram algo à Congregação para Doutrina da Fé?
Dom Pastana: Levamos
um álbum com registros das celebrações de todos os dias 20 de cada mês, durante
esses quase dois anos que eu estou aqui. Procuramos registrar, justamente para
mostrar como essa vivência espiritual em torno da figura do Padre Cícero é
bastante acentuada pelos romeiros. Deixamos também para o cardeal Ladaria, uma
garrafinha no formato do Padre Cícero, como a que entreguei ao Papa Francisco.
Ele ficou muito impressionado com a participação dos romeiros nas celebrações.
Pergunta: Qual a
impressão que o senhor teve sobre o tratamento destes assuntos no Vaticano?
Dom Pastana: Sem
dúvida a gente percebe uma sensibilização, também uma preocupação com a
temática.
Pergunta: Como o
senhor avalia essa viagem?
Dom Pastana: A
viagem toda foi muito boa porque foi uma viagem de apresentação, aprendizagem e
conhecimento. Foi muito bom encontrar os cardeais prefeitos das diversas
Congregações, como também seus secretários, alguns deles brasileiros. Isso vai
facilitar, sem dúvida nenhuma, a nossa relação. E, claro, coroada com a visita
ao Santo Padre, o Papa Francisco.
(Assessoria de Comunicação)
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