As obras na ampliação do sistema de abastecimento e saneamento foram iniciadas desde o mês de março. FOTO: Antonio Rodrigues |
O
projeto é uma das etapas da universalização do acesso à água no Município. Nos
bairros periféricos, o abastecimento será ampliado e nos que já possuem
encanamento, a vazão será maior. Além da ampliação na tubulação, serão
construídos reservatórios cuja as capacidades variam de 50 a 400m³. A obra
pertence ao Programa de Saneamento Básico firmado entre a Prefeitura de Crato e
o Ministério das Cidades. No primeiro momento, vai contemplar o abastecimento.
Paralelo a isso, o projeto de esgotamento sanitário está sendo realizado. A
Sociedade Anônima de Água e Esgoto do Crato (SAAEC) assumirá todos os
equipamentos e fará a gestão do Sistema de Abastecimento.
O
engenheiro civil da SAAEC, Hiago Granjeiro, que ajudou a elaborar o projeto,
explica que o Programa de Saneamento Básico contempla, além da distribuição de
água, o esgotamento sanitário, a drenagem e a coleta de resíduos sólidos.
"Ele prevê a universalização dos quatro serviços, mas a primeira meta é o
abastecimento de água, depois vem o esgotamento", explica.
Para
ele, a obra é importante, pois a cidade teve um crescimento desordenado, áreas
invadidas e bairros que se expandiram. Inclusive, Hiago destaca que, no Crato,
há um fenômeno de migração da população rural para a zona urbana e que não
acontece de forma homogênea. "Alguns bairros começam a ter dificuldade.
Eles sofrem mais na última quadra do ano", completa.
Hoje,
a maior dificuldade acontece nos bairros Vila Alta, Granjeiro e Pinto Madeira.
Por causa do relevo acidentado e uma diferença de cota de 300m de uma ponta a
outra, a vazão de água fica comprometida. 18% da água vem de fontes naturais
que diminuíram ao longo dos anos. Em outras localidades, já não conta com esse
recurso natural por causa da diminuição da oferta e aumento da demanda. Além
disso, algumas ruas com poucas casas tiveram extensão que requer tubulação
maior.
Enquanto
a obra ainda está em andamento, no bairro Vila Alta, algumas ruas continuam
sofrendo com abastecimento. A falta de água chega a durar de dois a três dias,
segundo os moradores. "A água tem dia que vem, tem dia que não. Quando
enche, a garrafa fica preta e precisa jogar fora", denuncia o pedreiro
Gilberto Gomes. Na sua rua, foram feitas instalações de canos improvisadas na
casa e ainda convive com esgoto a céu aberto e pernilongo "que parece
exame de abelhas", brinca.
Já
a aposentada Irene Saraiva reforça a urgência de melhorar o esgotamento
sanitário da comunidade. "É esgoto a céu aberto, saindo fezes, ratos.
Quando chove, sobe tudo", descreve. Além disso, ela acredita que a
tubulação antiga prejudica a qualidade da água na sua casa, o que vem causando
doenças na sua família. "Quando bebe, dá dor de barriga e não é todo dia
que dá pra comprar água mineral. Às vezes, meu filho buscar 'bujão' de água
dentro do brejo", lamenta.
A
obra já foi iniciada em alguns bairros que carecem de abastecimento de forma
mais urgente, inclusive o Vila Alta. Outros tiveram os trabalhos acelerados por
conta do programa de pavimentação que vai asfaltar várias vias no Município,
como no Mirandão. São três frentes de trabalho com 70 homens em campo.
"Estamos contando que vamos conseguir cumprir em dois anos. Uma obra traz
transtornos, mas é para melhorar. É um transtorno que vai trazer
benefício", completa Hiago.
Em
junho, a SAAEC aumentou a tarifa de água, de acordo com um estudo
socioeconômico realizado pela Fundação de Desenvolvimento Tecnológico do Cariri
(Fudetec), que conta com professores do curso de Economia da Universidade
Regional do Cariri (Urca). A pesquisa procurou conhecer a capacidade de
pagamento da população, saber a qualidade do serviço, comparar com outros
municípios e com a própria Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). A
proposta de reajuste de 40% foi aprovada no Conselho Municipal de Água e Esgoto
e apresentada em audiência pública.
"O
Crato deu exemplo de como uma tarifa deve ser revista. Além de recuperar a
inflação e dar à empresa capacidade de fazer investimentos, procurou saber se a
população pode ou não pagar", justifica Cristiano Cardoso, assessor de
planejamento e engenharia da SAAEC. A tarifa social, de R$ 9,49, continua a
menor do Ceará. O valor médio de R$ 12,92 passa a R$ 18,10, nas residências sem
hidrômetro. Já nas que têm o equipamento que mede a vazão, passará de R$ 16,76
para R$ 23,53. (Diário do
Nordeste)
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