As obras na ampliação do sistema de abastecimento
e saneamento foram iniciadas desde o mês de março.
FOTO: Antonio Rodrigues
Crato. São 156 Km de ampliação de rede de abastecimento, destas, 50Km de adutoras, mais de 10 mil ligações e criação de 30 reservatórios. Esta é a obra de ampliação do Sistema de Abastecimento de Água deste Município, no Cariri cearense, que teve início em março. Com custo de quase R$ 50 milhões, deve ficar pronta até 2021. O investimento, do Ministério das Cidades, abrange cidades com mais de 20 mil habitantes que tenham criado o Plano Municipal de Saneamento. Todos os bairros serão contemplados.

O projeto é uma das etapas da universalização do acesso à água no Município. Nos bairros periféricos, o abastecimento será ampliado e nos que já possuem encanamento, a vazão será maior. Além da ampliação na tubulação, serão construídos reservatórios cuja as capacidades variam de 50 a 400m³. A obra pertence ao Programa de Saneamento Básico firmado entre a Prefeitura de Crato e o Ministério das Cidades. No primeiro momento, vai contemplar o abastecimento. Paralelo a isso, o projeto de esgotamento sanitário está sendo realizado. A Sociedade Anônima de Água e Esgoto do Crato (SAAEC) assumirá todos os equipamentos e fará a gestão do Sistema de Abastecimento.

O engenheiro civil da SAAEC, Hiago Granjeiro, que ajudou a elaborar o projeto, explica que o Programa de Saneamento Básico contempla, além da distribuição de água, o esgotamento sanitário, a drenagem e a coleta de resíduos sólidos. "Ele prevê a universalização dos quatro serviços, mas a primeira meta é o abastecimento de água, depois vem o esgotamento", explica.

Para ele, a obra é importante, pois a cidade teve um crescimento desordenado, áreas invadidas e bairros que se expandiram. Inclusive, Hiago destaca que, no Crato, há um fenômeno de migração da população rural para a zona urbana e que não acontece de forma homogênea. "Alguns bairros começam a ter dificuldade. Eles sofrem mais na última quadra do ano", completa.

Hoje, a maior dificuldade acontece nos bairros Vila Alta, Granjeiro e Pinto Madeira. Por causa do relevo acidentado e uma diferença de cota de 300m de uma ponta a outra, a vazão de água fica comprometida. 18% da água vem de fontes naturais que diminuíram ao longo dos anos. Em outras localidades, já não conta com esse recurso natural por causa da diminuição da oferta e aumento da demanda. Além disso, algumas ruas com poucas casas tiveram extensão que requer tubulação maior.

Enquanto a obra ainda está em andamento, no bairro Vila Alta, algumas ruas continuam sofrendo com abastecimento. A falta de água chega a durar de dois a três dias, segundo os moradores. "A água tem dia que vem, tem dia que não. Quando enche, a garrafa fica preta e precisa jogar fora", denuncia o pedreiro Gilberto Gomes. Na sua rua, foram feitas instalações de canos improvisadas na casa e ainda convive com esgoto a céu aberto e pernilongo "que parece exame de abelhas", brinca.

Já a aposentada Irene Saraiva reforça a urgência de melhorar o esgotamento sanitário da comunidade. "É esgoto a céu aberto, saindo fezes, ratos. Quando chove, sobe tudo", descreve. Além disso, ela acredita que a tubulação antiga prejudica a qualidade da água na sua casa, o que vem causando doenças na sua família. "Quando bebe, dá dor de barriga e não é todo dia que dá pra comprar água mineral. Às vezes, meu filho buscar 'bujão' de água dentro do brejo", lamenta.

A obra já foi iniciada em alguns bairros que carecem de abastecimento de forma mais urgente, inclusive o Vila Alta. Outros tiveram os trabalhos acelerados por conta do programa de pavimentação que vai asfaltar várias vias no Município, como no Mirandão. São três frentes de trabalho com 70 homens em campo. "Estamos contando que vamos conseguir cumprir em dois anos. Uma obra traz transtornos, mas é para melhorar. É um transtorno que vai trazer benefício", completa Hiago.

Em junho, a SAAEC aumentou a tarifa de água, de acordo com um estudo socioeconômico realizado pela Fundação de Desenvolvimento Tecnológico do Cariri (Fudetec), que conta com professores do curso de Economia da Universidade Regional do Cariri (Urca). A pesquisa procurou conhecer a capacidade de pagamento da população, saber a qualidade do serviço, comparar com outros municípios e com a própria Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). A proposta de reajuste de 40% foi aprovada no Conselho Municipal de Água e Esgoto e apresentada em audiência pública.

"O Crato deu exemplo de como uma tarifa deve ser revista. Além de recuperar a inflação e dar à empresa capacidade de fazer investimentos, procurou saber se a população pode ou não pagar", justifica Cristiano Cardoso, assessor de planejamento e engenharia da SAAEC. A tarifa social, de R$ 9,49, continua a menor do Ceará. O valor médio de R$ 12,92 passa a R$ 18,10, nas residências sem hidrômetro. Já nas que têm o equipamento que mede a vazão, passará de R$ 16,76 para R$ 23,53.         (Diário do Nordeste)

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