A
missão dada foi encontrar uma alternativa sustentável para a destinação dos
maços de cigarro apreendidos pela Receita Federal. São aproximadamente 80
toneladas de cigarros falsificados confiscados pela RF em Juazeiro do Norte a
partir de operações nas divisas do Ceará com Piauí e Pernambuco que teriam como
destino final a incineração em olarias da região.
A
partir da parceria entre Receita Federal, Instituto de Educação, Ciência e
Tecnologia e Colégio Paraíso, os estudantes Beatriz Sampaio e Vitor Bruno,
orientados pelo professor Ricardo Fonseca, conseguiram desenvolver um potente
fertilizante natural a base do material apreendido.
O
processo é simples: os cigarros são partidos, esmagados a própria mão e
umedecidos para formar uma massa pastosa que será misturada com estrume. O
filtro é descartado. Após isso, a massa é utilizada em um minhocário, em Crato,
com minhocas do tipo californianas. É aqui onde a mágia acontece. As minhocas,
muito rápidas, se alimentam da massa do fumo, digerem e defecam o húmus, um
fertilizante natural.
A
equipe testou a eficiência do húmus a partir de um experimento. Plantaram, no mesmo
dia e na mesma hora, três mudas da mesma planta – uma Rosa do Deserto –,
colocando areia na primeira, húmus de estrume na segunda e húmus de cigarro na
terceira. Em poucos meses, as duas últimas plantas cresceram e a primeira se
manteve pequena, em lento desenvolvimento. O que chamou mais atenção, no
entanto, foi o progresso rápido e vigoroso da muda com húmus do cigarro. Veja a
diferença:
A
equipe ainda avalia a efetiva qualidade do húmus produzido e fará testes para
saber sua viabilidade na fertilização de hortifrútis. Querem descobrir, agora,
se os metais pesados frequentemente encontradas em cigarros contrabandeados são
destruídos durante o processo ou podem afetar alimentos e trazer malefícios a
quem consumi-los. Para isso vão contar com ajuda da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
“Excelente”
é como o projeto foi caracterizado pelo Auditor Fiscal e atual Delegado da
Receita Federal, Marcos Alexandre Costa, proponente do desafio. “A ideia é
muito interessante e vamos firmar parcerias com a Embrapa e a Ematerce para
verificar de maneira definitiva a qualidade desse fertilizante desenvolvido”,
anuncia.
O
segundo desafio, agora, será criar mecanismos de produção em larga escala para
transformaa o cigarro em húmus. “Temos grande demanda para dar um destino final
a este material apreendido e a melhor forma de fazer isso é dando um retorno
sustentável à sociedade”, diz. Enquanto o projeto ainda está em fase de estudo,
os maços apreendidos continuam a ser incinerados.
Estudantes trabalham no minhocário. FOTOS: Acervo do Projeto |
Membro da equipe, Beatriz Sampaio, 15, é estudante do 2º ano
do Colégio Paraíso e não imaginava que cigarros, um produto tóxico, poderia ser
tão útil. Aponta, ainda, o conhecimento que ganhou ao fazer parte do projeto
escolar, batizado de “Da droga à vida”. Ela e o colega Vitor Bruno recentemente
apresentaram os resultados na Expo Milset Brasil 2018, uma das mais importantes
feiras de ciências do país. Lá, conquistaram o Prêmio Destaque e o passaporte
para outra feira no Chile. (Site Cariri Revista)
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