Comportas em fase de conclusão, no Município de Salgueiro,
em Pernambuco. FOTO: Antonio Rodrigues
|
Na
última terça-feira (5), o ministro da Integração Nacional, Pádua Andrade, em
audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR),
realizada no Senado Federal, garantiu que as águas do Projeto de Integração do
Rio São Francisco (Pisf) já beneficiariam o Ceará em agosto deste ano. Enquanto
isso, em Penaforte, chegava ao fim o protesto de ex-funcionários do consórcio
anteriormente responsável pela obra - Emsa-Siton - e de empresas terceirizadas,
que começou no dia 1º de junho. Com salários atrasados, eles bloquearam a
entrada do canteiro de obras, no Município cearense, por cinco dias.
Uma
das empresas terceirizadas foi contratada pela Emsa-Siton para fazer serviços
de terraplanagem. Segundo um ex-funcionário, o seu patrão alegou que não
recebeu o pagamento da antiga construtora em dinheiro, mas em equipamentos. Por
isso, não pôde pagá-los. Após o protesto, parte deles recebeu a remuneração
atrasada.
O
restante promete realizar novos protestos. "A situação é complicada. Estou
devendo aluguel, mercado", lamentou. Durante os cinco dias de protesto,
nenhum veículo chegava ou saía do canteiro de obras. Inclusive aquele que
conduzia a alimentação dos funcionários que estão executando a obra foi
interceptado pelos manifestantes.
A
invasão ao canteiro de obras foi registrada em Boletim de Ocorrência (BO), pelo
Ministério da Integração Nacional, que confirmou que os trabalhadores foram
impedidos de exercer suas atividades, porque as vias de acesso às estruturas
estavam interditadas. A Pasta também entrou com um pedido judicial de proteção
ao patrimônio da União e reintegração de posse das áreas invadidas, que foi
imediatamente deferido pela Justiça Federal.
Em
nota, o Ministério da Integração afirma que as medidas tomadas tiveram como
objetivo assegurar o cumprimento do cronograma de obras do Eixo Norte do
Projeto de Transposição do Rio São Francisco. No entanto, ressalta que os
profissionais e fornecedores que atuam ou atuaram na execução das obras do Pisf
são contratados diretamente pelas construtoras, que são responsáveis pelo
pagamento de salários e direitos de cada trabalhador.
Equipes
técnicas do Ministério se reuniram na última terça-feira (5), em Salgueiro
(PE), com representantes dos ex-funcionários da Consórcio Emsa-Siton, para
explicar as responsabilidades sobre os pagamentos e receber as demandas do
grupo. No mesmo dia, as atividades nos canteiros de obras do Projeto de
Transposição do São Francisco voltaram ao ritmo normal.
Outros
impasses
Mas
essa não é a primeira vez que os consórcios responsáveis pela Meta 1N causam
problemas com a população dos municípios por onde passa a obra. Em junho de
2016, a Mendes Júnior comunicou sua incapacidade técnica e financeira em
executar os seus dois contratos e deixou dívidas milionárias com fornecedores
de alimentos, aluguel de veículos, empresários do ramo de hospedagem, entre
outros serviços. O grupo cobrava cerca de R$ 24 milhões. A Emsa-Siton, assim
que assumiu, se envolveu numa polêmica depois que foram achados milhares de
currículos queimados próximo ao canteiro de obras.
Andamento
O
Eixo Norte, com 96% das obras finalizadas, pretende garantir o abastecimento de
mais de 7 milhões de pessoas, em 223 municípios nos estados do Ceará,
Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Hoje, já reforça o abastecimento de
mais de 12 mil pessoas em Terra Nova e na zona rural de Cabrobó, em Pernambuco.
A Meta 1N, que possui 140 quilômetros de extensão, levará água ao território
cearense, a partir de Penaforte. Segundo o ministro Pádua Andrade, as equipes
técnicas estão se revezando na fiscalização em tempo integral.
"Nos
trechos mais complexos, a exemplo do Túnel Milagres e da terceira estação de
bombeamento - a EBI 3, os trabalhos estão acontecendo durante 24 horas. Estamos
priorizando o caminho das águas, pois nossa meta é cumprir os prazos para beneficiar
a população o mais breve possível", disse Pádua Andrade, no Senado
Federal, na última terça-feira (5). As demais etapas (2N e 3N) estão
praticamente concluídas.
A
EBI-3, citada pelo ministro, é a maior estação elevatória dos dois eixos -
Norte e Leste - do Projeto São Francisco. A estrutura possui 90 metros de
altura e bombeará volume de água equivalente a uma piscina olímpica por
segundo. A expectativa é que as bombas sejam acionadas até o fim deste mês. O
equipamento está localizado no município de Salgueiro (PE), onde as obras estão
mais avançadas. Inclusive, a ponte sobre a BR-116, no mesmo município
pernambucano, pode ser concluída até o dia 20 de junho.
No
entanto, no canteiro central de Penaforte, a equipe do Diário do Nordeste
flagrou seis funcionários deitados, em horário de trabalho. Mas isso acontece
porque está faltando equipamentos para estes trabalhadores, na maioria
motoristas. Um dos funcionários conta que estão aguardando chegar mais 40
máquinas, na próxima semana. Ainda há muitos caminhões parados da Emsa-Siton
por lá.
Segundo
as informações do Ministério da Integração Nacional, a Meta 1N está com 1.500
trabalhadores. A expectativa é de que, até o fim deste mês, esse número seja de
3.000 profissionais. Durante a última semana, muitos homens estiveram na porta
do canteiro de obras, esperando serem chamados para assinar contrato, mas, até
agora, nada. O número de pessoas aguardando diminuiu e, na última sexta-feira
(8), apenas três ainda mantinham a esperança de serem "fichados".
"Se
essa daí não terminar, pode botar o Exército", garante um deles, que já
trabalhou em quatro empresas diferentes no Pisf. Aproximadamente, metade dos
antigos funcionários da Emsa-Siton permanecem na obra. (Diário do Nordeste)
Postar um comentário