Pesquisadora
Tatiana Rocha em tratamento de câncer.
FOTO: divulgação-UEPB
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A
professora e pesquisadora do curso de Licenciatura em Matemática do Centro de
Ciências Exatas e Sociais Aplicadas (CCEA), da Universidade Estadual da Paraíba
(UEPB) em Patos, Tatiana Rocha, defendeu como tese de doutorado intitulada
‘Dinâmica tumoral e a noética’ que a matemática pode ajudar no tratamento dos
diversos tipos de câncer.
A
tese trata de modelagens e simulações do comportamento tumoral considerando,
além das intervenções padrões (como a quimioterápica), as intervenções
integrativas. Paciente oncológica desde 2011, por câncer colorretal, a
professora se motivou pelo trabalho após descobrir a doença.
“Eu
quis aprofundar os estudos sobre o câncer, não apenas para entender o que
estava passando, mas para tentar ajudar outros pacientes que estivessem
enfrentando o mesmo problema. A integração da noética (parte da lógica que
estuda as leis fundamentais do pensamento) surgiu no decorrer da pesquisa,
quando, durante o tratamento, fui apresentada à medicina integrativa. Vendo os
benefícios em mim mesma, decidi tentar retratar isto nos meus modelos”,
acrescentou.
Tatiana
Rocha descobriu o câncer colorretal quando já se encontrava com metástase
hepática. Submeteu-se a cirurgia para retirada de aproximadamente 50
centímetros do intestino, parte do fígado e vesícula, além de 12 sessões de
quimioterapia, encerrando o tratamento em 2012.
Em
2014, apenas um mês após ter chegado em Campinas para iniciar o Doutorado, a
pesquisadora descobriu a reincidência da doença com uma metástase pulmonar.
Dois tumores foram retirados e mais 12 sessões de quimioterapia realizadas. Em
2015, ela pôde novamente encerrar o tratamento. Porém, em 2016, uma nova
metástase pulmonar foi identificada, com oito tumores espalhados nos dois
pulmões.
“Foram
mais 11 sessões quimioterápicas com a administração de uma droga que ocasionou
reações alérgicas. Modificamos a droga e após mais 31 aplicações
quimioterápicas descobrimos que eu tinha criado resistência e, com isso, meus
tumores tinham aumentado e novos tumores surgido. Hoje são tantos nódulos que
os médicos apenas descrevem como múltiplos nódulos nos dois pulmões. Com isso,
mudamos mais uma vez de quimioterapia, fazendo, até a defesa da tese, mais três
quimioterapias com este novo fármaco, tendo feito, apenas durante o Doutorado,
57 quimioterapias, além das cirurgias”, relatou Tatiana.
Tratamento
e pesquisa caminhando juntos
De
acordo com a pesquisadora, o método e o caminho seguidos para realizar a
pesquisa acabaram nascendo junto com o seu tratamento. “Iniciamos com a ideia
de estudar a dinâmica do tumor e inserir nas incertezas dos parâmetros a teoria
Fuzzy, mas os caminhos da pesquisa foram se moldando com os meus próprios
resultados”, relatou.
“A
ciência noética vem comprovando o poder da mente sobre o próprio corpo. Estudos
vêm mostrando que somos capazes de potencializar a atuação das células do
sistema imune no combate às células cancerígenas. Também já foi provado que, em
alguns casos, as células tumorais conseguem se camuflar, fazendo com que as
células combatentes não as reconheçam como invasoras. A noética prega a teoria
de que somos capazes de modificar este quadro, ensinando nossas próprias
células a atacar as invasoras. A medicina integrativa atua principalmente no
fortalecimento do sistema imune do paciente oncológico. Acho que a maior
contribuição da minha pesquisa é a disseminação da medicina oncológica integrativa
que já vem mostrando excelentes resultados pelo mundo e ainda é pouco utilizada
no Brasil”, observou a pesquisadora.
Sobre
as conclusões a que chegou, a professora afirmou que o resultado mais relevante
é de que a medicina integrativa contribui para a melhoria da qualidade de vida
dos pacientes e atua diretamente no sistema imune, podendo potencializá-lo, o
que é de extrema importância, principalmente no pós-tratamento, para que o
paciente possa continuar o decrescimento tumoral, não mais visível ao olho
humano, até zerá-lo, obtendo a cura.
“Com
esses resultados, mostramos que apenas um tratamento quimioterápico não é
suficiente para a obtenção da cura, que é preciso a colaboração do corpo e do
sistema imune e quanto melhor estiver o sistema imune, melhores resultados
teremos”, concluiu Tatiana. (Portal
Correio)
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