Até
bem pouco tempo atrás, acreditava-se que a toxoplasmose ocular congênita fosse
responsável por 80% dos casos diagnosticados da doença. Mas estudos recentes
comprovam que a forma adquirida também é bastante comum e depende,
principalmente, de um perfil geográfico, do meio ambiente, das condições
climáticas, hábitos alimentares e de higiene. Seja como for, a toxoplasmose é
uma doença infecciosa causada por um parasita (Toxoplasma Gondii) encontrado
nas fezes de felinos. Por isso é chamada “doença do gato”, já que felinos
infectados transmitem a doença.
Indícios
Os
sintomas da toxoplasmose ocular são bem parecidos com os de uma gripe forte.
Vista avermelhada, sensibilidade à luz e sensação de embaçamento. Um sinal que
chama atenção e facilita o diagnóstico é a existência de pontos pretos
flutuantes que atrapalham a visão. Quando o parasita se aloja na retina,
provoca lesões recorrentes e, inclusive, pode danificar a visão
permanentemente.
De
acordo com o oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care
Hospital de Olhos (SP), o parasita da toxoplasmose costuma atingir o tecido
nervoso, podendo desencadear uma uveíte (doença inflamatória da camada média do
globo ocular) se não for exterminado a tempo. Nesse caso, os danos à visão
podem ser irreversíveis. Neves diz que a forma congênita da toxoplasmose ocular
pode se dar já ao nascer ou se manifestar logo depois.
O
acompanhamento pré-natal é importante para reduzir as chances de manifestação
da doença. Se a paciente teve toxoplasmose bem antes de engravidar,
provavelmente já desenvolveu imunidade contra o parasita da doença. Sendo
assim, o risco de infectar o bebê é quase nulo. “Se a gestante adquiriu
toxoplasmose durante a gravidez, a doença pode ser transmitida para o bebê –
aumentando os riscos de um aborto espontâneo, retardo mental, epilepsia, lesões
cerebrais, surdez e até mesmo cegueira – isto porque, em casos graves, há o
comprometimento da mácula, que é a porção central da retina, responsável pela
visão detalhada e central.
Infelizmente,
a ciência ainda não desenvolveu medicamentos capazes de destruir completamente
esse parasita, que pode continuar se manifestando por muitos anos e exigindo
rígido controle por parte de médico e paciente”. O especialista adverte que o
resultado positivo para toxoplasmose não é indicativo de que a paciente também
seja portadora da toxoplasmose ocular, sendo fundamental realizar um exame
detalhado, com dilatação da pupila e mapeamento da retina. Vale ressaltar que a
doença não é transmitida diretamente de uma pessoa para outra – somente da
gestante para o bebê.
Contágio
“Geralmente,
a pessoa é contaminada por esse parasita em três situações: Durante a gestação;
Através do contato com solo, caixa de areia ou latas de lixo contaminados por
fezes de felinos infectados; Ingestão de carne crua ou malcozida que tenha sido
infectada por falta de higiene apropriada”, afirma.
Leva
cerca de 15 a 20 dias desde o contágio até o aparecimento dos primeiros
sintomas da toxoplasmose, incluindo a forma ocular. A prevenção da doença
continua sendo a forma ideal de evitar as lesões oculares. O médico diz que,
além de cultivar bons hábitos de higiene – lavando as mãos com frequência
durante o dia –, é importante prestar atenção em outros aspectos. O contato com
gatos requer cuidados dobrados com relação à higiene, por exemplo, já que o
parasita se hospeda nas fezes dos felinos.
Essa
recomendação também é válida para todo local por onde os gatos transitam, como
parques e tanques de areia. “Evite o consumo de ovos e carnes malcozidos, já
que o parasita é resistente e pode estar contaminando o alimento que você vai
ingerir. Lave muito bem verduras e legumes antes de consumir esses alimentos
crus. De preferência, deixe-os de molho em uma solução de água e vinagre por 15
minutos antes de preparar a receita. Além disso, quando manipular alimentos
crus, evite levar a mão à boca ou aos olhos. Se possível, utilize luvas
apropriadas quando estiver cozinhando”, orienta. (Diário do Nordeste)
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