Uma
pesquisa feita em 15 países mostra que os brasileiros são os que mais se
preocupam com a possibilidade de perder benefícios da aposentadoria. Parte do
receio se deve às discussões sobre a reforma da Previdência, que foi proposta
pelo governo
Michel Temer, mas, por falta de apoio no Congresso, não chegou
a ser votada.
O
levantamento, feito pela seguradora Mongeral
Aegon, indica que para 13 dos 15 países consultados, a redução
de benefícios da previdência pública é a tendência que mais deve afetar o plano
de se aposentar. As exceções são Reino Unido e Índia.
Os
brasileiros se destacam por serem os que mais citam essa preocupação. Enquanto
o resultado global mostra que 38% dos entrevistados apontaram essa tendência
como um fator a ser considerado na hora de se preparar para a aposentadoria, as
menções sobem para 54% no Brasil.
Embora
a pesquisa seja feita pela Mongeral há sete anos, a de 2018 é a primeira que
mede quais são as tendências que mais afetam o planejamento das pessoas para a
previdência. É impossível, portanto, apontar se houve aumento ou diminuição das
menções a cada tendência.
No
entanto, os responsáveis pelo estudo, numa análise qualitativa das respostas,
garantem que a reforma da Previdência desempenhou um papel fundamental nos
resultados do Brasil. "As discussões em torno da reforma geraram uma maior
dimensão do risco de os benefícios serem reduzidos no Brasil. As discussões
tomaram corpo com o debate sobre a fragilidade do sistema", disse Leandro
Palmeira, diretor de Pesquisa do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon.
Apesar
de não ter sido sequer colocada em votação, a reforma continua no noticiário em
razão da proximidade da eleição presidencial, como parte do debate entre
pré-candidatos, que são instados a se posicionarem contra ou a favor de
mudanças no sistema previdenciário.
As
mudanças do mercado de trabalho são a segunda maior preocupação dos
brasileiros, com 32% de menções. Nesse sentido, a crise econômica, que aumentou
o desemprego, também afetou a percepção dos entrevistados no Brasil, uma vez
que quem não trabalha tem mais dificuldade de contribuir para a previdência
pública. "A crise fez crescer o grau de insegurança das pessoas"
afirmou Palmira.
Preparo
O
estudo da Mongeral mostra também que, apesar das preocupações, os brasileiros
são o terceiro povo que mais se sente preparado para a aposentadoria, atrás
apenas dos indianos e chineses. Sentir-se preparado, no entanto, não significa
estar preparado de fato. Na análise dos autores do estudo, o Brasil só aparece
bem posicionado nesse quesito por fatores culturais, demográficos e
relacionados aos benefícios da previdência pública.
Segundo
o estudo, o Brasil é um país de otimistas, que acreditam que, mesmo sem um
planejamento, "tudo vai dar certo no último minuto". Além disso, se
veem ainda como uma sociedade jovem e, por isso, estão menos atentos ao
envelhecimento da população. Por último, o estudo considera que o sistema
público de previdência é muito generoso, o que faz com que as pessoas sinta
menos necessidade de procurarem uma alternativa.
De
qualquer forma, enquanto o Brasil passa por uma discussão de reforma do sistema
previdenciário e ainda sofre os efeitos da crise econômica, cresce o número de
adeptos da previdência privada. Segundo a Federação Nacional de Previdência
Privada e Vida (Fenaprevi), os dados mais recentes mostram que, em abril deste
ano, havia 13,4 milhões de brasileiros com plano de previdência privada, 7,2% a
mais que em abril de 2016, um mês antes do início do governo Temer, que propôs
a reforma.
O
número ainda pode crescer. Segundo uma pesquisa de opinião feita pela Fenaprevi
também em 2018, em parceria com o instituto Ipsos, apenas 38% estão dispostos
ou têm recursos para fazer uma reserva para complementar os rendimentos na
aposentadoria. Entre os demais, 7% dizem não ter recursos para guardar e 55%
não souberam responder. (Estadão)
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