Idosos representarão 25% da população cearense em 2060. FOTO: FÁBIO LIMA |
As
estimativas populacionais foram divulgadas ontem pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Diante desse cenário, o País, os estados e os
municípios precisam se preparar para acompanhar essa mudança no perfil
populacional, que deve se projetar nos diversos setores da sociedade.
Segundo
a pesquisa, o número de pessoas com mais de 65 anos deve alcançar 25,4%, quase
triplicando os atuais 8,8% de habitantes nessa faixa etária. A parcela de
cearenses com idade entre 15 e 64 anos deve diminuir de 69,2% para 60%. A
mudança é considerada rápida e, segundo especialistas, requer mudanças nas
políticas públicas.
De
acordo com Zilma Gurgel, gerontóloga e fundadora da Universidade Sem Fronteiras
(Unisf), o Brasil não está preparado para esse cenário. “É urgente formar
geriatras e gerontólogos.
Precisamos
de programas de prevenção e promoção da saúde para um envelhecimento bem
sucedido, se não vai ser um caos econômico e social”, alerta.
Pioneira
na área de educação para idosos, Zilma também enxerga mudanças necessárias na
arquitetura da Cidade e nos projetos na área de educação continuada. “Essa
mudança demanda calçadas uniformes, passarelas, programas de atividades físicas
e educação para aumentar a resiliência. Para que as pessoas possam abraçar o
envelhecimento com qualidade”.
Para
Jarbas Roriz, geriatra e professor da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal do Ceará (UFC), isso demanda profissionais mais especializados na área.
“A saúde do idoso requer uma ampla oferta de serviços. Desde a atenção
primária, passando pela organização em nível secundário com diversos
especialistas e com profissionais de gerontologia nas diversas áreas da saúde.
E do terciário, visto que terão mais doenças e complicações, internações
hospitalares e procedimentos de terapia intensiva”, detalha.
De
acordo com dados da Demografia Médica de 2018, o País não chega a ter nem um
geriatra para cada 100 mil habitantes. Com 1.817 especialistas, a razão é de
0,87 para esse grupo populacional.
Deste
total, 60% se concentra no Sudeste.
“Não
temos nem vamos alcançar rapidamente um número grande de especialistas. O
desafio passa a ser a capacitação dos profissionais do atendimento de saúde. O
idoso pode ser atendido pelo médico de família, clínico e diversos
especialistas desde que estejam treinados”, defende Jarbas.
Ele
destaca ainda a importância de atividades de estímulo ao cérebro para a
construção de uma reserva cognitiva e manutenção das funções cerebrais. “Os
idosos precisam de acesso a uma boa mobilidade urbana porque têm tendência de
perda muscular, problemas ósseos e de equilíbrio”.
Já
na área econômica, segundo Ricardo Coimbra, professor de economia da
Universidade Estadual do Ceará (Uece), o principal impacto que se vislumbra é o
crescimento do déficit previdenciário.
“Com
o número de pessoas ativas menor do que o número de pessoas recebendo é
necessário incentivar as empresas a empregar esses indivíduos com alíquotas
diferentes nas faixas etárias”, detalha. A mudança demanda ainda novos serviços
voltados para essa parcela da população. (O Povo)
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