A
bactéria Mycoplasma genitalium (MG) foi descoberta na década de 1980, conhecida
por fazer parte do grupo de micro-organismos sexualmente transmissíveis e de
ser resistente a antibióticos. Ela está relacionada, basicamente, à uretrite
não-gonocócica (inflamação da uretra) nos homens e uretrite e cervicite
(inflamação do colo uterino) nas mulheres, embora possa colonizar o trato
genital de ambos de maneira assintomática,
destaca o médico infectologista Guilherme
Henn, presidente da Sociedade Cearense de Infectologia (SCI).
O
diagnóstico específico da MG é difícil, já que os métodos não estão padronizados nem
facilmente disponíveis; o Sistema Único de Saúde (SUS) não disponibiliza esses
exames, por exemplo.
Saiba
quais são os sintomas
Os
principais sintomas associados à infecção são dor/ardência ao
urinar, corrimento
uretral (a secreção é geralmente clara, não purulenta, e é
mais facilmente identificável nos homens), além de dor e sangramento durante o ato sexual.
As complicações, esclarece Henn, "resultam da demora em instituir
tratamento e estão relacionadas principalmente à infertilidade".
No
Ceará
Devido
à Mycoplasma genitalium não ser doença de notificação compulsória, poucos dados
nacionais estão disponíveis, sendo geralmente provenientes de pesquisas. Os
estudos mais recentes realizados nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná
e Bahia, entre 2010 e 2015, estimaram prevalência variando de 1% a 28%, tanto
em indivíduos sintomáticos como assintomáticos. O presidente da SCI afirma que
"não há dados de prevalência da MG no estado do Ceará".
Notificação
compulsória (ou obrigatória) é qualquer doença que a lei exija que seja
comunicada às autoridades de saúde pública. Os dados permitem às autoridades
monitorizar a doença e antever possíveis surtos.
Como
detectar
De
forma geral, recomenda-se detecção de material genético da bactéria em amostra
da secreção uretral, do colo uterino, ou urina. O tratamento é feito com
antibióticos. O principal fator que diferencia este germe dos outros causadores
de uretrite não-gonocócica (como a clamídia, por exemplo), é o maior nível de
resistência aos fármacos habitualmente empregados para tratamento das
uretrites. A clamídia provoca sintomas como corrimento vaginal alterado e queimação
ao urinar, sendo bastante comum no Brasil.
"Essa
condição resulta em maior tendência de falha terapêutica", justufica o Dr.
Guilerme Henn, mestre em Saúde Pública/Doenças Infecciosas e Parasitárias e
professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Na
Europa
Atualmente,
a ascensão da Mycoplasma genitalium ocorre principalmente no continente
europeu. No entanto, no Brasil, o Ministério da Saúde informa
que
monitora a bactéria quanto ao aumento da prevalência e da resistência
antimicrobiana.
No
Reino Unido, o quadro é preocupante. Segundo a Associação Britânica de Saúde
Sexual e HIV (BASHH, da sigla em inglês), as taxas de erradicação da bactéria -
após o tratamento com um grupo de antibióticos chamados macrolídeos - estão
diminuindo. E que a resistência da MG a esses antibióticos é estimada em cerca
de 40% no Reino Unido. A azitromicina é outro tipo de antibiótico que ainda
funciona na maioria dos casos. (Diário do Nordeste)
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