O número de pessoas trabalhando em estabelecimentos agrícolas em 2017 no Ceará é o menor dos últimos 42 anos, sendo resumido a 955.711 pessoas, de acordo com o resultados preliminares do Censo Agropecuário do Ceará, apresentados ontem (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O número é o menor da série histórica, iniciada pelo IBGE em 1975. Na época, haviam 999.721 pessoas ocupadas em atividades agrícolas. O maior montante do índice foi observado em 1985 quando chegou a registrar 1.271.800 ocupadas no segmento. Desde então, esse número vem diminuindo.

Sucessão familiar
A coordenadora técnica do Censo Agropecuário do Ceará, Regina Dias, explica que a redução pode ser associada com a não sucessão familiar. "Os jovens não querem mais trabalhar na agricultura. Hoje, somente 26 mil pessoas com menos de 30 anos são produtores, enquanto que esse número é de 127 mil para aqueles que tem 60 anos ou mais", afirma.

Automação
Ela acrescenta que a automação também é um fator que contribui para a retração de pessoal ocupado na atividade agrícola. O levantamento revela que o número de tratores utilizados nos estabelecimentos tem apresentado uma crescente constante, chegando a 6,3 mil em 2017.

"Nós sabemos que o trator substituiu o trabalho manual de um grande número de pessoas, sem falar que hoje esse equipamento não é exclusivo de grandes produtores, algumas famílias já conseguem ter acesso", destaca Regina.

Perfil
Outras características dos produtores demonstra a permanente predominância do sexo masculino nessa atividade, com 317 mil homens ocupados na agropecuária contra 76 mil mulheres. Cerca de 167 mil ainda não sabem ler e escrever, número que representa 42,5% do total.

Em relação à cor ou à raça, predominam aqueles que se autodenominam pardos, chegando a 254 mil. Em seguida aparecem os brancos (105 mil) e os negros (29 mil).

Estabelecimentos
Apesar da redução do número de trabalhadores, o Estado nunca teve um montante de estabelecimentos agropecuários tão grande, atingindo 394.317.

Por estabelecimento agropecuário, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística entende toda unidade de produção e/ou exploração dedicada total ou parcialmente à atividades agropecuárias, florestais ou agrícolas, independe do tamanho, da forma jurídica e da localização.

Em compensação, a área total dos estabelecimentos no Ceará vem diminuindo desde o levantamento de 1980. No ano passado, eram 6,8 milhões de hectares dedicados às atividades agrícolas contra 7,9 milhões em 2006. A coordenadora técnica do Censo explica que a maioria das propriedades dedicadas a essa finalidade são oriundas de herança, o que contribui para o aumento do número de estabelecimentos.

"Por exemplo, uma pessoa possui uma fazenda, morre e deixa a propriedade para os três filhos. Onde antes havia um só estabelecimento passando existir três", explica Regina Dias. Ela destaca ainda que isso também contribui para a redução da área, uma vez que ela é repartida entre os herdeiros.  (Diário do Nordeste)

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