Juazeiro
do Norte. Com
o objetivo de inventariar os imóveis históricos do Cariri, quatro estudantes -
dois de História e dois de Arquitetura e Urbanismo - fizeram um projeto para
criar um guia deste patrimônio para a população em geral, mas sobretudo,
arquitetos e historiadores. A ideia é reunir um acervo fotográfico junto com
uma descrição destes bens dos municípios da Região e também de Icó, no
Centro-Sul, e Exu, em Pernambuco. O material será impresso e disponibilizado
como E-Book.
Os
quatro formaram um Conselho Editorial que escolhe o imóvel que irá compor o
guia. Ele será dissecado na parte arquitetônica, nos elementos construtivos e
de fachada. Também terá descrição contemplando a metodologia da História
Pública, buscando uma linguagem acessível, sem perder o rigor da pesquisa.
"Em uma viagem à Bahia, em 2017, utilizei um guia do Instituto do
Patrimônio de lá para visitar as cidades históricas, como Lençóis, Jacobina e
Paratinga, e vi uma enorme necessidade de algo assim no Cariri", explica
Roberto Júnior, estudante de História da Universidade Regional do Cariri
(Urca).
Os
apêndices serão compostos por conceitos que nortearam os construtores do
passado, estilos arquitetônicos, entre outros. "Se um imóvel é
classificado como bangalô, no fim do texto, o leitor vai encontrar uma discussão
sobre o que é um bangalô, o porquê de uma construção ser assim
caracterizada", explica.
Em
Juazeiro do Norte e Barbalha já existe um número significativo de imóveis
inventariados, fotografados e com processo de análise arquitetônica concluído.
O guia terá uma sessão específica com o patrimônio rural.
"Os
nossos critérios de escolha são seu contexto histórico, social e arquitetônico.
Com isso, norteamos nossa pesquisa", informa a estudante Rayra Félix, que
cursa Arquitetura e Urbanismo na Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN). Ela
explica que, quando a edificação não está dentro de um destes três critérios, a
equipe vai atrás da parte que não foi tão evidenciada. Há muitos imóveis
históricos na região que pertencem às famílias fundadoras que ainda moram no
imóvel. "Nós já temos em mente as edificações a serem listadas. As que já
listamos são casas ou casarões", completa.
Preservação
Apenas
Barbalha tem uma legislação que oferece tombamento municipal, identificando e
oferecendo apoio aos proprietários. Mesmo assim, é pequeno: apenas a isenção no
Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). No entanto, há alguns imóveis
protegidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
"Aqui
em Juazeiro, parte das construções históricas está sendo derrubada para dar
lugar a estacionamentos ou abandonada", lamenta Rayra. "Nosso projeto
vem para destacar, chamar a atenção e tornar mais acessível a importância
desses imóveis para a região", completa.
Para
Roberto Júnior, o guia é de extrema importância, tanto para o turismo quanto
para a própria identidade histórica regional. "Alimenta o turismo
histórico, pois, com um material de apoio denso, novos pesquisadores podem se
interessar pela Arquitetura da região", justifica. O estudante também
ressalta que o trabalho poderá incluir imóveis fora dos holofotes, "mas
que têm muito a nos dizer arquitetonicamente". Além disso, acredita que
poderá ter maior engajamento da população na preservação, já que pode despertar
o sentimento de pertencimento.
Um
destes imóveis é o Casarão dos Esmeraldo, no Sítio Bebida Nova, em Crato,
construído entre as décadas de 1870 e 1880, por Antonio Esmeraldo da Silva. O
complexo era formado também por um engenho, que chegou a ser um dos mais ativos
da região, mas já foi demolido. Restou um velho motor a diesel que acionava as
moendas.
Por
enquanto, os custos estão sendo cobertos com recursos dos próprios estudantes.
No entanto, os quatro estão concluindo a parte burocrática do projeto para
captar recursos junto a instituições públicas e privadas e publicar o guia. Até
agora, apenas o Instituto Cultural do Cariri (ICC) está apoiando a iniciativa. (Diário do Nordeste)
Postar um comentário