Produção de rosas da Fazenda Reijers, em São Benedito
O Ceará recuou 79,68% na exportação de flores e plantas ornamentais de 2011 a 2017. Saiu de US$ 5 milhões para U$ 1,01 milhão em sete anos. Com a escassez hídrica, uma das estratégias é investir em culturas de maior valor agregado. Os dados são da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece).

O principal motivo da queda foi o encerramento das atividades da CBC, consórcio holandês que produzia bulbos de Amarilis na região do Baixo Acaraú.

"Com a restrição hídrica, eles pararam e só voltam a produzir se tiver recarga nos reservatórios. A produção colapsou total com seis anos de estiagem", explica Gilson Gondim, presidente da Câmara Setorial de Flores e Plantas Ornamentais (CSFlores).

Atualmente, as regiões exportadoras estão em Paracuru, Paraipaba, além do Baixo Acaraú. De janeiro a abril deste ano já foram exportados US$ 79.169 no Estado, enquanto no igual período de 2017 foram US$ 80.764. Mesmo com a queda das atividades, Gilson lembra que o Ceará figurava em segundo lugar nas exportações de flores e plantas ornamentais, atrás apenas de São Paulo, no ano passado. Neste ano, o gestor acredita que deva seguir o mesmo índice.

Uma das dificuldades no desempenho do setor é a implementação de produtos com maior valor agregado, lançados de forma recorrente no mercado internacional. Nesse sentido, a CSFlores tem atuado junto a Adece e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para introduzir plantas e aumentar o leque de ofertas.

"Estamos trabalhando para introduzir novas variedades comercializadas com melhores valores, cujo custo de produção é o mesmo e a receita maior", explica Gilson. Segundo ele, um hectare (ha) de planta ornamental representa mais de R$ 100 mil por ano, enquanto um ha de caju apenas R$ 5 mil ao ano. "A tendência é que se busque culturas que, com a mesma quantidade de água, gere mais emprego e renda", acrescenta.

No Brasil, a estimativa é que sejam produzidas 400 milhões de hastes de rosas neste ano, prevê Manoel Oliveira, presidente da Câmara Setorial Federal de Flores e Plantas Ornamentais. Em volume, o Ceará ocupa a terceira posição em produção, atrás de Minas Gerais e São Paulo. Entre os maiores estados consumidores estão São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Nos dois últimos anos, o País teve crescimento que variou de 3 a 5%, estimativa também prevista para 2018.

No Ceará, a Reijers atua há 17 anos, em São Benedito, na Serra da Ibiapaba. Está presente também em São Paulo e Minas Gerais. Em 2008, 90% da produção era destinada à exportação, em torno de 600 toneladas por ano, cerca de um milhão de botões de rosas. Porém, quando pararam os voos diretos para Amsterdã, principal mercado, a empresa voltou a produção para o Brasil, explica o proprietário Roberto Reijers.

Com a retomada de voos diretos para a Holanda pelo hub da Air France-KLM, a Reijers planeja reassumir as exportações. No Estado, a empresa é a maior produtora de rosas e plantas ornamentais, com 120 mil a 150 mil flores por dia. Roberto espera crescer 20% em faturamento no Ceará. Com nova fazenda, deve dobrar produção e número de funcionários, hoje, em 450 pessoas. (O Povo)

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