O único fóssil completo do pterossauro Tapejara navigans no
mundo, encontrado na Bacia do Araripe.
FOTO: Marcos Santos-USP Imagens
Parcela considerável do patrimônio fossilífero da região do Cariri é alvo de contrabandos com certa frequência. A prática levou o ex-reitor da Universidade Regional do Cariri (Urca), Plácido Cidade Nuvens, a criar, há 33 anos, o Museu de Paleontologia que recebeu o seu nome. Localizado em Santana do Cariri, o espaço foi fundado para se evitar a “sangria do tráfico de fósseis”, nas palavras de Plácido, então prefeito de Santana.

Desde meados dos anos 1990, a Urca trava batalhas judiciais para reaver peças levadas da região. Uma revista científica francesa, publicada recentemente, trouxe à tona um grupo de sete fósseis de peixes ósseos retirados ilegalmente da região do Cariri e recuperados na cidade colombiana de Cúcuta.

“Sempre quando acontece de estourar uma coisa nesse sentido, que são fósseis do Cariri, a gente procura se inteirar e estudar a possibilidade de entrar com ação ou outra forma de repatriar esses acervos, porque a Urca tem um Museu e um laboratório de paleontologia com doutores que têm condições de estudar isso e disponibilizar para o público”, afirma o professor Sérgio Vilaça, diretor do Museu de Paleontologia.

Segundo o estudioso, o contrabando de fósseis do Cariri para outras partes do Brasil e do mundo causa perdas para a região. A manutenção das peças em seus locais de origem, a exemplo de Santana do Cariri, é defendida pelo diretor do museu como potencial para contribuir com o fomento da paleontologia do Município e seu entorno.

“Principalmente fósseis que são raros deveriam estar aqui para poder atrair investimentos e pesquisa. A própria comunidade perde, porque se você tem fósseis únicos, guardados e estudados aqui, a gente atrai tanto investimento do Estado, da iniciativa privada, quanto às pessoas vindo de fora para ver e estudar, e acaba esquentando a economia na região”.

Urca x USP

Quase duas mil peças de fósseis contrabandeadas do Cariri e recuperadas há quatro anos em Minas Gerais seriam levadas para fora do Brasil. O acervo foi recuperado e está exposto na Universidade de São Paulo (USP). Desde então, a Urca tenta repatriar o material da instituição paulista, que conta, inclusive, com um esqueleto completo de Pterossauro.

“O juiz entendeu, na época, que a gente não tinha condições técnicas de estudar e preservar esse acervo, mas temos o museu, uma equipe, a universidade e parceiros nacionais e internacionais para dar conta desse acervo. Esses fósseis pertenciam ao Cariri e o lugar mais correto de serem estudados, disponibilizados e preservados seria aqui”, conclui Vilaça.      (Jornal do Cariri)

Post a Comment